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Um viúvo se casou com uma mulher muito malvada,
que odiava a filha dele. Um dia, estando sozinha com a enteada, a madrasta lhe
ordenou: “Vá até a casa de minha irmã e peça emprestado um carretel de linha”.
A irmã da madrasta era Baba Yaga Pernafina, a bruxa que morava na floresta,
numa cabana sustentada por pernas de galinha. Quando a menina chegou lá e
pediu o carretel, Baba Yaga falou: “Vou
procurar em meus guardados. Enquanto isso, teça um pouco para mim”. A filha do
viúvo se pôs a tecer, e um segundo depois ouviu a bruxa ordenar à empregada:
“Ferva água e dê um banho em minha sobrinha, pois quero comê-la no café da
manhã”. Esforçando-se para não perder a calama, a menina esperou a criada
aparecer na varanda e lhe suplicou que não fevesse a água; em troca lhe deu um
lindo lenço de cabeça. Pouco depois Baba Yaga ordenou ao gato: “Arranque os
olhos de minha sobrinha”. O gato, porém, ganhou da menina um pedaço de presunto
e lhe deu um pente e uma toalha. “Fuja”, falou. “Se perceber que Baba Yaga está
em seu rastro, jogue essa coisa para trás”. A filha do viúvo saiu correndo. Os
cachorros da bruxa a seguiram, arreganhando os dentes, mas ela os acalmou com
um pouco de pão. Chegando ao portão, só conseguiu abri-lo depois de despejar
algumas gotas de óleo nas dobradiças. Ao sair, viu-se presa nos galhos de um
velho pinheiro; afastou-os com determinação e os amarrou com uma fita para que
a deixassem passar. Enquanto isso o gato trabalhava no tear. “Você está
tecendo?”, Baba Yaga perguntava a todo instante, lá de dentro. “Sim, titia”, o
bichano respondia. Desconfiada, a bruxa foi ver o que estava acontecendo na
varanda. Ao constatar que a menina escapara, bateu no gato sem dó nem piedade.
“Você nunca me deu sequer uma espinha de peixe, mas sua sobrinha me presenteou
com um pedaço de presunto”, disse ele. Espumando de raiva, Baba Yaga bateu na
empregada, nos cachorros, no portão, no pinheiro, e todos afirmaram que sua
sobrinha os tratara muito melhor que ela. Cansada de ouvir a mesma história, a
bruxa montou seu pilão mágico como se fosse um corcel e, usando o socador como
açoite, partiu ao encalçço da fugitiva. A menina percebeu sua aproximação e
jogou para trás a toalha, que no mesmo instante se transformou num rio
caudaloso. Mais furiosa ainda, pois não podia atravessar aquela torrente, Baba
Yaga voltou para casa, reuniu seus bois e mandou que bebessem toda a água do
rio. Feito isso, passou para o outro lado e continuou em sua feroz perseguição.
Ouvindo-a bufar em seu rastro, a fugitiva jogou para trás o pente, que se
converteu numa densa floresta. Estimulada pela raiva, a bruxa tratou de abrir
caminho com os próprios dentes, roendo troncos e galhos. De nada lhe valeu o
esforço, pois, quando conseguiu sair da floresta, a menina já estava em sua
casa, com a porta bem trancada. Depois disso o viúvo expulsou a esposa malvada
e viveu em paz com a filha até o fim de seus dias.
Veja abaixo uma em video de Baba Yaga nos dias atuais, achei bem legal:
Sobre Baba Yaga:
Baba Yaga (em russo: Баба-Яга), é, no folclore eslavo, a mulher selvagem de
idade; a bruxa, e amante da magia. Ela também é visto como um espírito da
floresta, levando hostes de espíritos. É uma mulher velha e ossuda que viaja
pelos céus montada em um almofariz. Os rastros que deixa, apaga com uma
vassoura. Mora em uma casa móvel, com patas de galinha, cuja fechadura é uma
boca cheia de dentes. Isaac Bashevis Singer descreveu Baba Yaga com um nariz
vermelho arrebitado (apesar de alguns escritores comentarem um nariz azul), com
narinas largas e ardentes, olhos em chama como carvão em brasa e com cardos a
sair do crânio em vez de cabelos. Singer referiu também a existência de babas
menores e de pequenos demônios chamados dziads.
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