COACYABA – A LENDA DO PRIMEIRO BEIJA-FLOR
Os índios do Amazonas acreditam que as almas dos mortos transformam-se em borboletas. Por este motivo, elas voam
de flor em flor, alimentando-se e fortalecendo-se com o mais puro néctar, para suportarem a longa viagem até o céu.
Coacyaba, uma bondosa índia, ficara viúva muito cedo, passando a viver exclusivamente para fazer sua filhinha Guanamby feliz. Todos os dias passeava com a menina pelas campinas de flores, entre pássaros e borboletas. Desta forma pretendia minimizar a falta que o esposo lhe fazia. Mesmo assim, angustiada, acabou por falecer.
Guanamby ficou só e seu único consolo era visitar o túmulo da mãe, implorando que esta também a levasse para o céu. De tanta tristeza e solidão, a criança foi enfraquecendo cada vez mais e também morreu. Entretanto, sua alma não se tornou borboleta, ficando aprisionada dentro de uma flor próxima à sepultura da mãe, para com isto permanecer a seu lado.
Enquanto isto, Coacyaba, em forma de borboleta, voava entre as flores, colhendo seu néctar. Ao aproximar-se da flor onde estava Guanamby, ouviu um choro triste, que logo reconheceu. Mas como frágil borboleta, não teria forças para libertar a filhinha. Pediu então ao Deus Tupã que fizesse dela um pássaro veloz e ágil, que pudesse levar a filha para o céu. Tupã atendeu ao pedido, transformando-a num beija-flor, podendo assim realizar o seu desejo.
Desde então, quando morre uma criança índia órfã de mãe, sua alma permanece guardada dentro de uma flor, esperando que a mãe, em forma de beija-flor, venha buscá-la, para juntas voarem ao céu, onde estarão eternamente.
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