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HOJE ALGUMAS FRASES ME DEFINEM: Clarice Lispector "Os contos de fadas são assim. Uma manhã, a gente acorda. E diz: "Era só um conto de fadas"... Mas no fundo, não estamos sorrindo. Sabemos muito bem que os contos de fadas são a única verdade da vida." Antoine de Saint-Exupéry. Contando Histórias e restaurando Almas."Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." Fernando Pessoa

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quinta-feira, 5 de maio de 2011

64H mmn - Alimentar com Língua

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Enquanto isto no Mundo Novo

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Um sultão vivia com a mulher no seu palácio, mas a mulher era infeliz. Ela ficava cada dia mais magra e mais apática. Na mesma cidade havia um homem cuja mulher era saudável, bem nutrida e feliz. Quando o sultão ouviu isso, chamou o homem pobre à corte e lhe perguntou qual era o seu segredo. O homem pobre disse: “Muito simples. Eu a alimento com língua”. O sultão mandou chamar o açougueiro imediatamente e lhe disse que as línguas de todos os animais abatidos na cidade deviam ser vendidas a ele, o sultão, e a mais ninguém. O açougueiro fez uma mesura e foi embora. Todo dia ele enviava ao palácio as línguas de todos os animais. O sultão ordenou que o seu cozinheiro as cozinhasse, fritasse, assasse e salgasse de todas as maneiras possíveis, e que preparasse cada um dos pratos do livro de receitas. A rainha tinha que comê-los, três ou quatro vezes por dia – mas a coisa não funcionou. Ela ficava cada vez mais magra e mais adoentada. O sultão ordenou ao homem pobre que trocasse sua esposa pela dele – e o homem concordou com certa relutância. Ele levou a rainha magra para casa e enviou a sua esposa para o palácio. Infelizmente, a esposa do homem pobre foi ficando cada dia mais magra, apesar da boa comida que o sultão lhe oferecia. Era evidente que ela não podia ficar bem num palácio.
Ao chegar em casa a noite, o homem pobre saudava sua nova (real) esposa, contava-lhe o que tinha visto, principalmente as coisas engraçadas, depois lhe contava histórias que a faziam se torcer de rir. Em seguida pegava o banjo e cantava para ela, ele conhecia diversas canções. Ele ficava acordado até tarde da noite, brincava com ela e se divertia. E então pronto! A rainha ganhou peso em poucas semanas, ficou com ótimo aspecto, a pele brilhante e lisa como a de uma menina. E ela passava o dia sorrindo, lembrando-se das coisas engraçadas que o seu novo marido lhe contara. Quando o sultão mandou que ela voltasse, ela se recusou a ir. Então o sultão foi buscá-la e a encontrou muito mudada e feliz. E lhe perguntou o que o homem pobre fizera com ela, e a rainha lhe contou. Então ele entendeu o significado de alimentar com língua.


CARTER, Angela (autora); MACHADO, Luciano Vieira (tradutor).
103 contos de fadas. São Paulo,

Companhia das Letras, 2007 . p.242-3

Um comentário:

  1. Olá Nice!
    Quero te agradecer por seguir o meu blog. Isso me encorajou a continuar, estava meio desanimada, achando que estava falando sozinha!
    Gostei muito do seu blog: é muito lindo!
    Um abraço!

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