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HOJE ALGUMAS FRASES ME DEFINEM: Clarice Lispector "Os contos de fadas são assim. Uma manhã, a gente acorda. E diz: "Era só um conto de fadas"... Mas no fundo, não estamos sorrindo. Sabemos muito bem que os contos de fadas são a única verdade da vida." Antoine de Saint-Exupéry. Contando Histórias e restaurando Almas."Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." Fernando Pessoa

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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Fardos Inúteis

Conta uma lenda, que dois monges atravessavam uma área deserta, quando diante de um rio violento, avistaram uma linda jovem que tentava atravessá-lo sem sucesso.
Um dos monges, não sem dificuldades, atravessou o rio, e colocando a mulher em suas costas, conseguiu atravessar o rio em segurança.
A jovem abraçou-o agradecida, comovida com o seu gesto e seguiu seu caminho.
Retomando a jornada, o outro monge que assistiu a tudo calado, repreendeu o amigo, falando do contato carnal que houve com aquela jovem, da tentação de ter aquele contato mais direto com uma mulher, o que era proibido pelas suas leis.
E durante um bom trecho do caminho, esse monge falou sobre a mulher e sobre o pecado cometido, até que aquele que ajudou a jovem na travessia falou: "querido amigo, eu atravessei o rio com a jovem e lá eu a deixei, mas você ainda continua carregando-a em seus pensamentos!"
Assim, todos sabem que Deus não nos dá fardos maiores que aqueles que podemos suportar, e muitos dos nossos fardos já poderiam estar abandonados em outras curvas da vida, mas nós insistimos em carregá-los!
Levamos nossas dores e frustrações ao extremo. Dramatizamos demais, multiplicamos cada dor, cada ofensa, cada contrariedade e por isso, não conseguimos relaxar, perdoar ou mesmo sermos felizes, pois o peso que vamos acumulando em nossas costas são demais para qualquer pessoa!
Neste dia, eu lhe convido a uma reflexão.
Quais são os fardos que você continua carregando e que já não estão mais com você?
Qual é a dor que você anda revivendo e fazendo com que velhas feridas voltem a sangrar?
Por que você não consegue perdoar quem lhe magoou?
Quantas oportunidades você anda deixando para trás por estar amarrado ao passado?
Desarme-se dos velhos pensamentos, do espírito da revolta, da tristeza . Hoje é dia de desmontar o velho acampamento do comodismo e seguir adiante na longa jornada que a vida apresenta.
Quanto mais leve a sua mochila, mais fácil a subida rumo a felicidade!

A Lenda da Lagoa das Sete Cidades

Imagem do Google

Há muitos, muitos anos, vivia no Reino das Sete Cidades uma pequena Princesa chamada Antília. A menina era a filha única de um velho Rei viúvo que era conhecido pelo seu mau feitio. Senhor das Alquimias e do Saber, o Rei vivia em exclusivo para a sua filhinha, não gostando que a Princesa falasse com ninguém. A menina ora estava com o pai, ora estava com a velha ama que a criara desde o nascimento, altura em que a Rainha sua mãe falecera. Os anos foram passando, Antília foi crescendo e um dia já não era mais aquela menina de tranças loiras caídas sobre os ombros, enfeitadas com flores silvestres; tinha-se transformado numa linda jovem, uma Princesa capaz de encantar qualquer rapaz do seu reino. Contudo, se todos ouviam falar da beleza da jovem Princesa, eram poucos ou nenhuns os que a conheciam, pois o Rei não gostava que ela saísse do castelo nem dos jardins que o circundavam. Mas Antília não se deixava intimidar pelo pai, e com a ajuda da velha ama costumava esquivar-se todas as tardes, enquanto o Rei dormia a sesta depois do almoço. Saía pelas traseiras, sem que ninguém a visse, e ia passear pelos montes e vales próximos. Num desses passeios, andando pela floresta, um dia a Princesa escutou uma música. A música era tão linda, encantou-a de tal forma, que ela se deixou guiar pelo som e foi descobrir um jovem pastor a tocar flauta, sentado no cimo de um monte. Era ele o autor de tanta maravilha! A Princesa, encantada, deixou-se ficar escondida a ouvir o jovem a tocar flauta. E ouviu-o escondida durante semanas, até que o pastor, um dia, a descobriu por detrás de uns arbustos. Ao vê-la foi amor à primeira vista, e era recíproco, pois ela também estava apaixonada por ele. Os jovens continuaram a encontrar-se. Passavam as tardes a conversar e a rir, o pastor a tocar para a Princesa e ela a escutá-lo enlevada, e ambos se sentiam muito felizes juntos. Um belo dia o pastor decidiu pedir a Princesa em casamento. Logo pela manhãzinha, o jovem bateu à porta do Castelo, e pediu ao criado para falar com o Rei. Pouco depois o criado voltou e levou-o à presença do Soberano. Muito nervoso mas determinado, o pastor fez-lhe uma vénia e, olhando-o nos olhos, disse:
- Majestade, gosto muito de Antília, sua filha, e gostaria de pedir a sua mão em casamento.
- A mão de minha filha, NUNCA... OUVIS-TE... NUNCA!- disse o Rei aos berros.- Criado, põe este pastor atrevido na rua.
O jovem bem tentou argumentar, mas ele não o deixava falar, e expulsou-o do Castelo. Em seguida o Rei mandou chamar Antília e proibiu-a de ver o pastor. Antília mais não fez do que acatar as ordens do Rei seu pai. E nessa mesma tarde foi ter com o seu amor e disse-lhe que nunca mais se podiam encontrar. Os dois jovens choraram toda a tarde abraçados. As suas lágrimas, de tantas serem, formaram duas lindas e grandes lagoas, uma verde da cor dos olhos da Princesa, a outra azul da cor dos olhos do pastor. E ainda hoje estas duas lagoas continuam no Vale das Sete Cidades, na Ilha de São Miguel, lá nos Açores, para avivar a memória de todos quantos por ali passam, e recordar o drama dos dois apaixonados.

Lenda Portuguesa.
Fonte: http://contosencantar.blogspot.com/2009/01/lenda-da-lagoa-das-sete-cidades.html

domingo, 28 de novembro de 2010

48H MMN - Kaguya Hime - A lenda do Monte Fugi

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A lenda do Monte Fuji
Um casal de velhinhos morava bem ao fundo de um bambuzal... Eles não tinham filhos e viviam modestamente fazendo cestos e caixotes de taquara. Certo dia, quando o velhinho cortava bambus, viu que um deles brilhava muito pela raiz. "Mas o que será isso?" Curioso, o velhinho cortou o bambu com o machado. Dentro do bambu, uma linda menininha!Ela era tão pequenina que cabia na palma da mão. O velhinho levou a
menina para casa e mostrou para a mulher: "Foi Deus quem nos enviou!" A velhinha também ficou muito feliz e disse:
__ Vamos chamá-la de Kaguya Hime!

Depois desse dia, o velhinho começou a encontrar outros bambus brilhando. E, de dentro, saíam muitas moedas de ouro. Só havia uma explicação: era a menina quem lhes trazia tanta sorte.
Kaguya Hime cresceu rápido. Depois de três meses, ela se transformou em uma bela moça, tão bela quanto um raio de luar. Logo a beleza da jovem começou a ser comentada pela região. Muitas pessoas vinham só para vê-la e formava-se uma longa fila em frente a casa. Pretendentes também não paravam de chegar: alguns vinham de muito
longe, outros eram pessoas importantes. Mas ela...
Ela não queria se casar com ninguém!
No entanto, cinco dos pretendentes vinham todos os dias, sempre com pedidos de casamento. Kaguya Hime então disse "Se algum de vocês conseguir trazer os objetos que eu pedir, então me casarei com essa pessoa: um vaso de pedra dos deuses que nunca se quebra, o galho de uma árvore de pedras vermelhas, um manto de pele de animal que não se
queima no fogo." Os objetos que Kaguya Hime pediu eram todos impossíveis de serem conseguidos. Os pretendentes tentaram falsificá-los, mas todos foram desmascarados.
Um dia, o próprio príncipe chegou à casa de Kaguya Hime: Sua beleza é ainda maior que sua fama. - e ele pediu:
Gostaria muito que se casasse comigo. Mas a moça respondeu: "Eu não posso me casar com ninguém." O príncipe respeitando a sua vontade, voltou triste para o seu palácio.
As cores do Outono tingia o céu...
Kaguya Hime começou a olhar para a lua, com grande tristeza...uma tristeza que ia aumentando a cada dia. Os pais ficaram muito preocupados e, então, perguntaram:
__ Por que você fica olhando a lua, assim tão triste?
__ Estou triste porque logo preciso ir embora.verdade vim de muito longe. Sou uma princesa do reino da lua e, na próxima cheia, virão me buscar.
Os velhinhos ficaram muito assustados: como se separar de uma filha tão querida?
Chegou a temida noite de lua cheia.
Os velhinhos pediram ajuda ao príncipe que enviou um batalhão de mil homens para impedir que alguém se aproximasse da casa. A princesa foi levada para o quarto dos fundos e os velhinhos aguardaram ao lado da jovem.
De repente, a lua começou a brilhar, brilhar, brilhar cada vez mais forte. "Preparem os arcos!" -- gritou o chefe da Guarda! Cegos com a luz da lua, ninguém pôde ver a chuva de pétalas que caía, nem a grande comitiva que descia, montada em nuvens, trazendo uma carruagem dourada... Quando todos puderam abrir os olhos, a comitiva já ia alta, levando embora a princesa.CONTAM AINDA que Kaguya Hime deixou para os pais uma poção mágica de vida eterna. Mas sem a filha querida, os velhinhos não quiseram viver eternamente. Então, queimaram a poção na montanha mais alta e, até hoje, um fio de fumaça bem branquinha continua subindo ao céu, ou talvez, até a lua... essa montanha é o Monte Fuji.
KAGUYA HIME, a princesa da lua. adapt. Lúcia Hiratsuka e Peter O'Sagae. Narração: Bia Grimaldi. In: MUKASHI... IMA - contos e
lendas do Japão. São Paulo: Casa de Bambu/MCD, 1997. faixa 1.
Visite a página da escritora e ilustradora Lúcia Hiratsuka.
Informações sobre o CD Mukashi... Ima.

domingo, 21 de novembro de 2010

Lembre-se de viver

> Esta é uma propaganda exibida pelo Citybank nos outdors de Sao paulo.
> "Crie filhos em vez de herdeiros."
> "Dinheiro só chama dinheiro, não chama para um cineminha, nem para tomar um sorvete."
> "Não deixe que o trabalho sobre sua mesa tampe a vista da janela.."
> "Não é justo fazer declarações anuais ao Fisco e nenhuma para quem você ama."
> "Para cada almoço de negócios, faça um jantar à luz de velas."
> "Por que as semanas demoram tanto e os anos passam tão rapidinho?"
> "Quantas reuniões foram mesmo esta semana? Reúna os amigos."
> "Trabalhe, trabalhe, trabalhe. Mas não se esqueça, vírgulas significam pausas..."
> e em seguida a esse Outdoor na Marginal Pinheiros vinha um outro dizendo: ....
> "quem sabe assim você seja promovido o melhor pai/mãe do mundo!"
> "Você pode dar uma festa sem dinheiro. Mas não sem amigos."
> Contrato 2010/2050
> Depois de uma séria e cautelosa consideração,
> Quero notificar-te que o nosso "Contrato de amizade"
> Foi renovado para os anos de 2010/2050
> Mande o para todos que você não quer perder nos próximos anos...
> Nunca desvalorize ninguém
> Guarde cada pessoa perto do seu coração
> Porque um dia você pode acordar
> E perceber que você perdeu um diamante
> Enquanto você estava muito ocupado colecionando pedras.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Plano Nacional de Cultura (PNC) é aprovado no Senado


O Senado aprovou nesta terça-feira (09 de novembro) o Plano Nacional de Cultura que estabelece metas obrigatórias para os próximos dez anos. O texto foi aprovado pela Comissão de Educação e Cultura do Senado sem alterações e agora aguarda somente a sanção do Presidente Lula.
Segundo o MinC, a principal ferramenta de acompanhamento metas estipuladas pelo Ministério da Cultura após a promulgação do PNC será o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC).
O SNIIC já está em desenvolvimento tecnológico e será uma ampla base de dados e indicadores culturais, que abrangerá informações sobre equipamentos culturais, grupos artísticos, órgãos gestores da cultura, conselhos municipais, editais, sobre a economia da cultura, estudos e pesquisas sobre o setor cultural, entre outros.
A plataforma será essencial ao compartilhamento de informações da cultura entre os governos federal, estadual e municipal e o setor privado. Também irá gerar indicadores da gestão pública, permitindo o conhecimento e a interação da sociedade civil com as ações e políticas.
O Plano Nacional é uma diretriz a ser seguida pelos estados e municípios para criarem seus próprios planos de cultura. A adesão, porém, não é automática ou obrigatória. O MinC irá criar protocolos de adesão para esses entes federativos e então subsidiar com consultoria técnica e apoio orçamentário a elaboração desses planos.
As linguagens artísticas também irão elaborar planos para seus setores. Os colegiados setoriais ligados ao Conselho Nacional de Política Cultural os responsáveis por isso. Música, Teatro, Dança, Circo, Museus, Culturas Populares e Culturas Indígenas já têm planos.

Os 13 princípios do PNC são:

- Liberdade de expressão, criação e fruição
- Diversidade cultural
- Respeito aos direitos humanos
- Direito de todos à arte e à cultura
- Direito à informação, à comunicação e à crítica cultural
- Direito à memória e às tradições
- Responsabilidade socioambiental
- Valorização da cultura como vetor do desenvolvimento sustentável
- Democratização das instâncias de formulação das políticas culturais
- Responsabilidade dos agentes públicos pela implementação das políticas culturais
- Colaboração entre agentes públicos e privados para o desenvolvimento da economia da cultura
- Participação e controle social na formulação e acompanhamento das políticas culturais
São objetivos do Plano Nacional de Cultura:

I – reconhecer e valorizar a diversidade cultural, étnica e regional brasileira;
II – proteger e promover o patrimônio histórico e artístico, material e imaterial;
III – valorizar e difundir as criações artísticas e os bens culturais;
IV – promover o direito à memória por meio dos museus, arquivos e coleções;
V – universalizar o acesso à arte e à cultura;
VI – estimular a presença da arte e da cultura no ambiente educacional;
VII – estimular o pensamento crítico e reflexivo em torno dos valores simbólicos;
VIII – estimular a sustentabilidade socioambiental;
IX – desenvolver a economia da cultura, o mercado interno, o consumo cultural e a exportação de bens, serviços e conteúdos culturais;
X – reconhecer os saberes, conhecimentos e expressões tradicionais e os direitos de seus detentores;
XI – qualificar a gestão na área cultural nos setores público e privado;
XII – profissionalizar e especializar os agentes e gestores culturais;
XIII – descentralizar a implementação das políticas públicas de cultura;
XIV – consolidar processos de consulta e participação da sociedade na formulação das políticas culturais;
XV – ampliar a presença e o intercâmbio da cultura brasileira no mundo contemporâneo;
XVI – articular e integrar sistemas de gestão cultural.

Segundo o Ministro Juca Ferreira, em entrevista para Luis Nassif:

“O Plano Nacional de Cultura se estrutura exatamente sobre essas três dimensões. A gente assume um compromisso com a diversidade cultural brasileira, e a necessidade de democratizar o acesso a todas as regiões do Brasil. Todas as manifestações culturais têm direito de acesso aos recursos públicos. E todas as iniciativas que levem ao acesso um número maior de brasileiros, devem contar com a ajuda do governo.
Então, temos uma conformação dessa política global para todo país, temos as definições dos marcos centrais das políticas setoriais (patrimônios, museus, música, dança, teatro, cultura popular, construção de cidadania através da cultura). Esse conjunto de definições e formulações foi possível depois de um ciclo enorme de discussões. Só nós aqui do ministério organizamos, para apresentar o projeto de leii,uma quantidade enorme de todos os cantos do país, e o próprio Congresso também organizou suas audiências públicas. E, agora, temos um Plano Nacional que vai servir de base.
O que o Plano permite é a institucionalização da política de cultura, ou seja, dá estabilidade, dá perenidade, e de dez em dez anos deve, obrigatoriamente, ser revisto e aprofundado para correção de erros.”

Fonte: http://blogs.cultura.gov.br/pnc/

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

João Ubaldo Ribeiro

"Precisa-se de Matéria Prima para construir um País"
A crença geral anterior era que Collor não servia, bem como Itamar e Fernando Henrique.
Agora dizemos que Lula não serve.
E o que vier depois de Lula também não servirá para nada...
Por isso estou começando a suspeitar que o problema não está no ladrão corruptoque foi Collor,
ou na farsa que é o Lula.
O problema está em nós.
Nós como POVO.
Nós como matéria prima de um país.
Porque pertenço a um país onde a "ESPERTEZA“ é a moeda que sempre é valorizada,
tanto ou mais do que o dólar.
Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma
família, baseada em valores e respeito aos demais.
Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como
em outros países, isto é, pondo umas caixas nas calçadas onde se paga por um só jornal
E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as
"EMPRESAS PRIVADAS" são papelarias particulares de seus empregados desonestos,
que levam para casa, como se fosse correto, folhas de papel, lápis, canetas, clipes e
tudo o que possa ser útil para o trabalho dos filhos...E para eles mesmos.
Pertenço a um país onde a gente se sente o máximo porque conseguiu"puxar"
a tevê a cabo do vizinho, onde a gente frauda a declaração de imposto de renda para não
pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito.
Onde os diretores das empresas não valorizam o capital humano.
Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam
do governo por não limpar os esgotos.
Onde nossos congressistas trabalham dois dias por semana para aprovar projetos e leis
que só servem para afundar o que não tem, encher o sacodo que tem pouco e
beneficiar só a alguns.
Pertenço a um país onde as carteiras de motorista e os certificados médicos podem ser
"comprados", sem fazer nenhum exame.
Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido,fica em pé no ônibus, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para
não dar o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o pedestre.
Um país onde fazemos um monte de coisa errada, mas nos esbaldamos em
criticar nossos governantes.
Como "Matéria Prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas nos falta muito para sermos os homens e mulheres de que nosso País precisa.
Esses defeitos, essa "ESPERTEZA BRASILEIRA" congênita, essa desonestidade em
pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos de escândalo,
essa falta de qualidade humana, mais do que Collor, Itamar, Fernando Henrique ou Lula, é que
é real e honestamente ruim, porque todos eles são brasileiros como nós, ELEITOS POR NÓS.
Nascidos aqui, não em outra parte...
Entristeço-me.
Porque, ainda que Lula renunciasse hoje mesmo, o próximo presidente que o suceder
terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo,
somos nós mesmos.
E não poderá fazer nada...
Não tenho nenhuma garantia de que alguém o possa fazer melhor. Mas enquanto alguém
não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo,
ninguém servirá.
Nem serviu Collor, nem serviu Itamar, não serviu Fernando Henrique, e nem
serve Lula, nem servirá o que vier.
Qual é a alternativa?
Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror?
Aqui faz falta outra coisa.
E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima
para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente
condenados, igualmente estancados...Igualmente sacaneados!
Nós temos que mudar! Um novo governante com os mesmos brasileiros não poderá fazer nada..
Está muito claro...
Somos nós os que temos que mudar.
Somos nós os que temos que mudar.
Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo,
senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se
faça de surdo, de
desentendido.
Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO
ME OLHAR NO ESPELHO.
É O QUE EU SEMPRE DIGO.“O GOVERNO SOMOS NÓS, OS POLÍTICOS,
NEM TANTO ASSIM.” (PAULO BUSKO)
"MEDITE!!!"
E eu acrescento: o que nos falta é EDUCAÇÃO!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Receita de Dona Cacilda

Imagem retirada do Google
Dona Cacilda é uma senhora de 92 anos, miúda, e tão elegante, que todo dia às 08 da manhã ela já está toda vestida, bem penteada e discretamente maquiada, apesar de sua pouca visão.
E hoje ela se mudou para uma casa de repouso: o marido, com quem ela viveu 70 anos, morreu recentemente, e não havia outra solução...
Depois de esperar pacientemente por duas horas na sala de visitas, ela ainda deu um lindo sorriso quando a atendente veio dizer que seu quarto estava pronto. Enquanto ela manobrava o andador em direção ao elevador, dei uma descrição do seu minúsculo quartinho, inclusive das cortinas floridas que enfeitavam a janela.
Ela me interrompeu com o entusiasmo de uma garotinha que acabou de ganhar um filhote de cachorrinho.
- Ah, eu adoro essas cortinas...
- Dona Cacilda, a senhora ainda nem viu seu quarto... Espera um pouco...
- Isto não tem nada a ver, ela respondeu, felicidade é algo que você decide por princípio. Se eu vou gostar ou não do meu quarto, não depende de como a mobília vai estar arrumada... Vai depender de como eu preparo minha expectativa. E eu já decidi que vou adorar. É uma decisão que tomo todo dia quando acordo.
Sabe, eu posso passar o dia inteiro na cama, contando as dificuldades que tenho em certas partes do meu corpo que não funcionam bem...
Ou posso levantar da cama agradecendo pelas outras partes que ainda me obedecem.
- Simples assim?
- Nem tanto; isto é para quem tem autocontrole e exigiu de mim um certo 'treino' pelos anos a fora, mas é bom saber que ainda posso dirigir meus pensamentos e escolher, em conseqüência, os sentimentos.
Calmamente ela continuou:
- Cada dia é um presente, e enquanto meus olhos se abrirem, vou focalizar o novo dia, mas também as lembranças alegres que eu guardei para esta época da vida. A velhice é como uma conta bancária: você só retira aquilo que guardou. Então, meu conselho para você é depositar um monte de alegrias e felicidades na sua Conta de Lembranças. E, aliás, obrigada por este seu depósito no meu Banco de lembranças. Como você vê, eu ainda continuo depositando e acredito que, por mais complexa que seja a vida, sábio é quem a simplifica...
Depois me pediu para anotar:
Como manter-se jovem:
1. Deixe fora os números que não são essenciais. Isto inclui a idade, o peso e a altura.
Deixe que os médicos se preocupem com isso.
2. Mantenha só os amigos divertidos. Os depressivos puxam para baixo.
(Lembre-se disto se for um desses depressivos!)
3. Aprenda sempre:
Aprenda mais sobre computadores, artes, jardinagem, o que quer que seja. Não deixe que o cérebro se torne preguiçoso.
'Uma mente preguiçosa é oficina do Alemão.' E o nome do Alemão é Alzheimer!
4. Aprecie mais as pequenas coisas
5. Ria muitas vezes, durante muito tempo e alto. Ria até lhe faltar o ar.
E se tiver um amigo que o faça rir, passe muito e muito tempo com ele / ela!
6. Quando as lágrimas aparecerem
Aguente, sofra e ultrapasse.
A única pessoa que fica conosco toda a nossa vida somos nós próprios.
VIVA enquanto estiver vivo.
7. Rodeie-se das coisas que ama:
Quer seja a família, animais, plantas, hobbies, o que quer que seja.
O seu lar é o seu refugio.
8. Tome cuidado com a sua saúde:
Se é boa, mantenha-a..
Se é instável, melhore-a.
Se não consegue melhora-la , procure ajuda.
9. Não faça viagens de culpa.. Faça uma viagem ao centro comercial, até a um país diferente,
mas NÃO para onde haja culpa
10. Diga às pessoas que ama que as ama a cada oportunidade.


Email mandado por Maria José.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Sinais de Deus

-
Ao nascer de mais um dia,tudo é lindo e maravilhoso.O caminho que se prossegue,a verdade que se faz presente e a vida que expressa são os dons da plenitude Divina”
Conta-se que um velho árabe analfabeto orava com tanto fervor e com tanto carinho, cada noite, que certa vez, o rico chefe de grande caravana chamou-o a sua presença e lhe perguntou:
- Por que oras com tanta fé?
Como sabes que Deus existe,
Quando nem ao menos sabes ler?
O fiel de Deus respondeu:
- Grande senhor,
conheço a existência de Nosso Pai Celeste pelos sinais dele.
- Como assim?
- indagou o chefe, admirado.
O servo humilde explicou-se:
- Quando o senhor recebe uma carta de pessoa ausente, como reconhece quem A escreveu?
- Pela letra.
- Quando o senhor recebe uma jóia,
como é que se informa quanto ao autor dela?
- Pela marca do ourives.
O empregado sorriu e acrescentou:
Quando ouve passos de animais, ao redor da tenda,
como sabe, depois, se foi um carneiro, um cavalo um boi?
- Pelos rastros
- respondeu o chefe, surpreendido.
Então, o velho crente convidou-o para fora da barraca e, mostrando-lhe o
céu, onde a Lua brilhava, cercada por multidões de estrelas, exclamou, respeitoso:
- Senhor, aqueles sinais, lá em cima, não podem ser dos homens!
Nesse momento, o orgulhoso caravaneiro, de olhos lacrimosos,
ajoelhou-se na areia e começou a orar também.
Deus, mesmo sendo invisível aos nossos olhos;
deixa-nos sinais em todos os lugares:
Na manhã que nasce calma, no dia que transcorre
com o calor do sol ou com a chuva que molha a relva...
Ele deixa sinais quando alguém se lembra de você,
quando alguém te considera importante...
Email enviado pela poeta Márcia Araujo.

domingo, 7 de novembro de 2010

Viver Como as Flores

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Mestre, como faço para não me aborrecer com as pessoas?
Algumas falam demais, falam de nossa vida, gostam de fazer intriga, fofoca, outras são ignorantes.
Algumas são indiferentes.
Fico magoado com as que são mentirosas. Sofro com as que caluniam.
- "Pois viva como as flores!", advertiu o mestre.
- "Como é viver como as flores?" Perguntou o discípulo.
- "Repare nestas flores", continuou o mestre, apontando lírios que cresciam no jardim.
"Elas nascem no esterco, entretanto são puras e perfumadas.
Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável, mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas.
É justo angustiar-se com as próprias culpas, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros o importunem.
Os defeitos deles são deles e não seus. Se não são seus, não há razão para aborrecimento.
Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora. Isso é viver como as flores..."
Email enviado pela poeta Márcia Araujo.

47H MMN - A Fábula da Águia e da Galinha

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Esta é uma história que vem de um pequeno país da África Ocidental, Gana,narrada por um educador popular, James Aggrey, nos inícios deste século, quando se davam os embates pela descolonização. Oxalá nos faça pensar sempre a respeito.
"Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro, a fim de mantê-lo cativo em casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto às galinhas. Cresceu como uma galinha. Depois de cinco anos, esse homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista: - Esse pássaro aí não é uma galinha. É uma águia. - De fato, disse o homem.- É uma águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais águia. É uma galinha como as outras. - Não, retrucou o naturalista.- Ela é e será sempre uma águia. Este coração a fará um dia voar às alturas. - Não, insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia. Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e, desafiando-a, disse: - Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe! A águia ficou sentada sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas. O camponês comentou: - Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!- Não, tornou a insistir o naturalista. - Ela é uma águia. E uma águia sempre será uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe: - Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!Mas, quando a águia viu lá embaixo as galinhas ciscando o chão, pulou e foi parar junto delas. O camponês sorriu e voltou a carga: - Eu havia lhe dito, ela virou galinha! - Não, respondeu firmemente o naturalista. - Ela é águia e possui sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar. No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para o alto de uma montanha. O sol estava nascendo e dourava os picos das montanhas. O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe: - Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe! A águia olhou ao redor. Tremia, como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então, o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, de sorte que seus olhos pudessem se encher de claridade e ganhar as dimensões do vasto horizonte. Foi quando ela abriu suas potentes asas.Ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto e voar cada vez mais para o alto. Voou. E nunca mais retornou.
" Existem pessoas que nos fazem pensar como galinhas. E ainda até pensamos que somos efetivamente galinhas. Porém é preciso ser águia. Abrir as asas e voar. Voar como as águias. E jamais se contentar com os grãos que jogam aos pés para ciscar."
Extraído de artigo publicado pela Folha de São Paulo, por Leonardo Boff, teólogo, escritor e professor de ética da UERJ.

sábado, 6 de novembro de 2010

A serpente de Ouro

Ao ir um homem rico à cidade, perdeu o que levava consigo: um saco repleto, com mil talentos, sobre os quais havia uma serpente de ouro com olhos de ametista.
Um pobre que passava pela mesma estrada achou o saco e o entregou à esposa, contando-lhe como o achara. Ouvida a história, a mulher disse:
-Guardemos o que Deus nos deu.
No dia seguinte, um arauto percorreu a rua gritando:
-Quem encontrou o tesouro contido num saco, restitua-o, e não só estará livre de qualquer delito, mas terá ainda a recompensa de cem talentos.
Ouvindo o arauto, o homem que achara o tesouro disse à mulher:
-Restituamos o tesouro, e não só estaremos livres de qualquer pecado, mas ainda por cima teremos cem talentos.
-Se Deus quisesse que o dono ficasse com o tesouro, o dono não o teria perdido. Portanto, guardemos o que Deus nos deu -replicou a mulher.
O homem insistiu em que devia restituí-lo, enquanto sua mulher a isto se opunha de todos os modos. Ele, porém, quisesse ou não quisesse a mulher, fez a restituição e reclamou o que o arauto prometera.
Entretanto o ricaço, cheio de perversidade, disse-lhe:
-Fica sabendo que falta a outra serpente.
Assim falou, com o criminoso intuito de não dar ao pobre homem os talentos prometidos. Este, por sua vez, afirmou que não tinha encontrado nada mais.
Os homens daquela cidade, favoráveis ao rico e no desejo de desacreditar o pobre, cuja sorte lhes provocara inveja, levaram-no à justiça. O pobre homem continuou proclamando que nada mais tinha encontrado.
Passou o caso a ser comentado entre os pobres e entre os ricos. Afinal, pelo relato dos ministros, chegou aos ouvidos do rei. Mal tomou conhecimento dele, o rei mandou trazer à sua presença o rico, o pobre e o tesouro.
Quando todos lá se achavam, mandou o rei vir um filósofo muito criterioso, juntamente com outros sábios, e ordenou-lhes que ouvissem a palavra do acusador e a do acusado, e esclarecessem a contenda.
Ouvido o caso, o filósofo, movido de compaixão, chamou a si o pobre e disse-lhe em segredo:
-Dize-me, irmão, se ainda tens algum bem daquele homem. Pois, se não o tens, procurarei libertar-te com o auxílio de Deus.
-Sabe Deus que tudo o que encontrei eu restituí.
Então foi o filósofo ao soberano, e disse-lhe:
-Se quiseres ouvir um alvitre certo, eu o apresentarei.
O rei mandou-lhe que falasse, e ele argumentou:
-O homem rico é muito honesto e digno de crédito, e tem grandes testemunhos de sua veracidade. Nem é crível que reclamasse alguma coisa que não perdeu. Por outro lado, parece-me provável que o homem pobre não tenha encontrado nada além daquilo que restituiu, pois, se fosse desonesto, não devolveria o que devolveu, mas esconderia tudo.
- Que concluís daí, ó filósofo?
-Concluo que o tesouro encontrado não é o desse homem. Deveis tirar do tesouro cem talentos e dá-los ao pobre, guardando o restante até que apareça quem o reclame, pois não pertence a esse rico. Ele que se dirija ao arauto e mande procurar um saco com duas serpentes.
O alvitre agradou ao rei e a todos os circunstantes. Então o rico disse:
-Ó bom rei, digo-te a verdade: este tesouro realmente é meu. Mas, como eu não queria dar a este homem o que o arauto prometera, aleguei que me faltava uma segunda serpente. Tem piedade de mim, e darei a ele o que foi prometido.
Então o rei retirou do tesouro duzentos talentos e os deu ao pobre, devolvendo ao rico apenas o que restara, como punição por ter levantado falsa acusação sobre a honestidade do pobre.
Fonte: Mar de Histórias, Editora Nova Fronteira de Petrus Alphonsi, seleção de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira e Paulo Rónai. Conto Medieval.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Entre Ver e Enxergar: o Olhar do Contador de Histórias - Os Narradores

Entre Ver e Enxergar: o Olhar do Contador de Histórias - Os Narradores
Enxerguemos o que nos conta Otto Lara Resende no texto da página a seguir:

VISTA CANSADA
(É sempre bom lembrar, um copo vazio está cheio de ar)

“Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta.
Um poeta é só isto: um certo modo de ver.
O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar.
Vê não-vendo.
Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver.
Parece fácil, mas não é.
O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade.
O campo visual da nossa rotina é como um vazio.
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta.
Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe.
De tanto ver, você não vê.
Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro.
Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência.
Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.
Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia?
Não fazia a mínima idéia.
Em 32 anos, nunca o viu.
Para ser notado, o porteiro teve que morrer.
Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência.
O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem.
Mas há sempre o que ver.
Gente, coisas, bichos.
E vemos?
Não, não vemos.
Uma criança vê o que o adulto não vê.
Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo.
O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê.
Há pai que nunca viu o próprio filho.
Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas.
Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos.
É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.”
(Otto Lara Resende - Texto publicado no jornal “Folha de S. Paulo”, edição de 23 de fevereiro de 1992.)

O autor nos fala sobre o olhar.
Incita-nos a refletir sobre a nossa própria cegueira.
E nos lembra, a todo o momento, que o que percebemos a primeira vista não é o que parece ser. Ele nos fala sobre a necessidade do enxergar, esse olhar aprofundado de que falávamos antes. O olhar que não apenas ver, sobretudo enxerga os detalhes da vida. Por isso que deficientes visuais podem enxergar melhor que muita gente de visão saudável: não podem prender-se a primeira vista porque não a possuem. Despertam para a visão interior, aquela que ENXERGA. E enxergam com todos os seus sentidos.
O olhar pode ser uma faca de dois gumes quando condicionado apenas aos órgãos sensoriais da visão. As imagens produzidas através de nossa retina são, na verdade, um reflexo de nosso córtex cerebral. Por esta razão, nossa capacidade de enxergar está ligada não apenas ao que vemos, mas também ao que intuímos ou sentimos.
Não raramente dizemos: “VEJO que você está tão triste!” ou “não consigo VER desta maneira”. São expressões de nossa sensibilidade intuitiva. Partem de nosso inconsciente e pertencem a nossa memória oral e ancestral, sem a qual o contador de histórias não existiria.
O olhar condicionado ao nosso corpo físico é o mais comum, por estar preso a uma única realidade material, por isso está associado à crítica do julgamento. Quando dizemos “a primeira impressão é a que fica” temos um exemplo de uma força implícita na palavra que diverge do sentido da frase. Poderia ter dito: “aquilo que vejo a primeira vista, me basta” ou “prefiro não enxergar o que isso realmente é”. O ato de ENXERGAR, realmente exige muito mais do olhar, porque envolve todo o nosso ser. Esta expressão citada se contradiria a outra bastante popular: “foi amor à primeira vista” – quando quer dizer: “na primeira vez que te vi, ENXERGUEI o amor no fundo de seus olhos”.
Percebemos que, não só as imagens que se apresentam em nosso cotidiano, mas, sobretudo as palavras pela qual nos expressamos são repletas de significados e exige de nós uma reflexão menos superficial.
Trabalhar esse olhar é completamente possível e necessário, especialmente numa época em que as pessoas cada vez mais se olham e se enxergam menos. Se eu não enxergo ao outro, não enxergo a mim mesmo. E como julgar conhecer ao outro se não me conheço? Há muitas respostas que ficamos sem saber. Tão pouco seremos capazes de compreender todas as coisas, nem é nosso propósito chegar a conclusão alguma, mas tão somente despertarmos do sono profundo que nos deixamos cair para aprendermos a sonhar mesmo quando acordados. Enxergar a beleza que tem em todas as coisas é exercício infindo, porque os olhos enganam a todo o momento. E achamos que o essencial é apenas aquilo que está visível.

Associamos nossos valores a estética do que nos agrada a visão e fugimos no primeiro desconforto. Mas a beleza também foge dos padrões e como é precioso encontrá-la em estado bruto!

Saint-Exupéry nos mostra em seu clássico “O Pequeno Príncipe” esta associação entre valor e estética:

"As pessoas grandes adoram os números. Quando a gente lhes fala de um novo amigo, elas jamais se informam do essencial. Não perguntam nunca: "Qual é o som da sua voz? Quais os brinquedos que prefere? Será que coleciona borboletas?"Mas perguntam: "Qual é sua idade? Quantos irmãos ele tem? Quanto pesa? Quanto ganha seu pai?" Somente então é que elas julgam conhecê-lo. Se dizemos às pessoas grandes: "Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, gerânios na janela, pombas no telhado..." elas não conseguem, de modo nenhum, fazer uma idéia da casa. É preciso dizer-lhes: "Vi uma casa de seiscentos contos". Então elas exclamam: "Que beleza!"

A palavra do contador de histórias é emoldurada pelas imagens que cada história trás. Cabe ao narrador transitar entre os dois universos da realidade ativa e subjetiva, colorindo com cuidado sua imagem da palavra. Chamamos “imagem da palavra” um conjunto de intenções (formas, pausas, tempos e nuances) dedicadas ao ato de narrar.

Para que a história contada seja atrativa e funcional, o narrador deve procurar estudá-la, de modo a pontuar alguns verbos, adjetivos e palavras que julgue importantes para emoldurar e colorir, dando-lhes forma e vida em sua narração. Fatores ambientais sobre o espaço onde vai narrar, quantidade e faixa etária do público, também influenciam em sua escolha de repertório e no alcance na projeção de suas imagens.

A Palavra Viva do narrador está na maneira de como ele moldura as imagens das palavras de uma história, intrinsecamente ligadas à sua prática pessoal no exercício do “enxergar”.

Por isso que, aprender a enxergar deve ser o principal objetivo do contador de histórias, porque é o caminho mais verdadeiro para se atingir a humanamente inatingível arte de desencantar palavras!


Jossy Correia

A voz e a Imagem do Contador de Histórias - Os Narradores


Para construir uma casa, um pedreiro precisa de pedra, água, areia tijolos e cimento, seus principais instrumentos de trabalho. Para narrar um conto, um narrador precisa de uma história, um ouvinte e dele mesmo. Seu principal instrumento de trabalho é a sua voz e o seu corpo. O conto, pode até ser inventado ali mesmo, naquela hora, mas o domínio de suas ferramentas é que fará a diferença em sua performance.
A voz do contador de histórias tem o poder de conduzir o ouvinte para o que ele conta, transformando a voz em imagens e somando gestos e sons.
Na boca do contador de histórias as palavras ganham vida. Nascem do fundo de sua alma, sempre gestante e, brotam como ramas do centro da flor de suas emoções. Por isso que, contar histórias exige um conhecimento de si mesmo, uma espécie de autodomínio, pois é o narrador um condutor de sonhos capaz de despertar em quem o ouve fortes emoções. É como se você fosse um maquinista de um trem conduzindo muitos vagões repletos de gente, onde cada vagão mostra um ângulo distinto de uma mesma paisagem. A paisagem é o conto. O maquinista é o narrador que nos conduz para passear dentro dela, mas o que cada ouvinte vê depende da posição de sua janela e de seu vagão. E mesmo que ele escute o mesmo conto várias vezes, terá sempre a liberdade de escolher seu vagão e sua janela. Ainda que o ouvinte escolha o mesmo lugar, descobrirá sempre algo novo na paisagem. Por este motivo, contar e ouvir histórias é uma experiência única que nunca, nunca se repete igual.
A arte de contar histórias é feita de muitos caminhos. E sempre que um narrador escolhe e é escolhido por uma história, um novo trilho é construído. Por isso que uma mesma história contada por narradores diferentes nos conduz a paisagens completamente distintas. Uma paisagem tão vasta de imagens que mesmo ele é incapaz de enxergá-la sempre de um mesmo ângulo, até porque ela, a história, está sempre em movimento.
Diferente da literatura escrita, as palavras quando narradas, espalham-se e misturam-se a paisagem que o narrador quiser conduzir. E quanto mais imagens ele puder compartilhar, tanto mais a história será interessante.
Todas as pessoas nascem contadoras de histórias. E seu momento mais inventivo está ainda na infância, na descoberta da linguagem articulada. Toda criança só aprende a falar pela necessidade que tem de contar histórias. Apenas sustentada pela intuição de sua oralidade, ela vai montando o seu acervo de idéias a partir de suas próprias descobertas. A criança conta o visível pelo invisível. Parte da imagem para a palavra. A palavra da criança está sempre viva, ao revés do adulto que, ao se distanciar desta intuitiva prática com o passar dos anos, necessita da palavra para criar a imagem. E eis que, imagem e palavra, independente da ordem, são duas forças que nos acompanharão pelo resto de nossas vidas!
Mas se nascemos contadores de histórias, porque algumas pessoas têm dificuldade de se expressar ou porque alguns narradores parecem ser tão melhores em relação a outros?
Costumo dizer que, não há na arte, de uma maneira geral, um melhor ou pior artista. Não se pode analisar o dom, apenas a técnica. A diferença está no autoconhecimento técnico de suas ferramentas de trabalho aliadas à intuição de cada um.
O que define um resultado mais lapidado, também passa pelas experiências de vida de cada artista, de cada narrador. Não adianta você querer contar histórias com bonecos porque viu alguém contar e era lindo se, em algum momento de sua vida você não tiver tido o contato prático com a técnica de teatro de bonecos. Um músico que se descobre narrador contará sempre histórias musicais. Um escritor, geralmente narra suas histórias de maneira mais fiel ao texto e a palavra escrita. Não há regras, mas são “tempos” diferentes. E contar histórias é ser atemporal. É enxergar outras realidades e transitar entre elas sem se perder, revivendo a infância. Por isso é que um bom narrador uma vez conectado à infância haverá de seguir sempre com sua criança interior capaz de narrar palavras vivas, intuídas de suas imagens.
Por tudo isso, creio que, o principal exercício de um do narrador é trabalhar o olhar.
O olhar que não só ver, mas, sobretudo, enxerga.
Porque ver é superfície e enxergar é profundidade.
A criança enxerga, mesmo quando não vê.
O poeta é uma criança que cresce sem mudar a sua maneira de olhar o mundo, enxergando o invisível. E todo narrador é um poeta.
Eis aqui o maior segredo dos contadores de histórias.
Afinal, não estão nos olhos as janelas da alma?
E não é de lá, do fundo da alma gestante que brota a indizível magia que dá vida a uma história?
Havemos de trabalhar o olhar do contador de histórias, a partir das pequenas coisas de seu dia-a-dia.
O bom narrador, pratica o que ensina.
Josy Correia da Cia. Catirina.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Resposta Sábia


Um médico ocidental em visita ao Oriente ficou surpreso de ver a
quantidade de velhos saudáveis, e, curioso sobre os aspectos da milenar
medicina oriental, indagou de um experiente médico local qual o segredo
para se viver mais e melhor.

Ouviu do mesmo a sábia resposta:
"- É muito simples.
É só:
Comer a metade.
Andar o dobro.
E rir o triplo."

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Nasrudin e as Lágrimas Amargas

Imagem retirad do Bing
Tamerlão recebeu de presente no palácio um espelho de platina, e mal olhou-se refletido, seus olhos encheram-se de lágrimas, Nasrudin, a seu lado, pôs-se também a chorar convulsivamente. Diz Tamerlão:
- Agradeço sua solidariedade, Nasrudin. Quando me olhei no espelho, me achei tão feio que chorei. Mas vamos pensar em outra coisa.
Nasrudin, porém, continuava a soluçar.
- Nasrudin. Nasrudin. Para de chorar. Que coisa! Não vê que eu mesmo já parei?
E Nasrudin:
- Ah, é ? Ver seu rosto no espelho por menos de um minuto o entristeceu por um instante. Agora, imagina eu, seu servo, obrigado a olhá-lo o dia inteiro.

Anedota Sufi.
fonte:

O Alfaiate e o Mandarim

Imagem retirada do Bing

Um dia um homem recebeu a notícia de que acabara de ser nomeado mandarim.
Ficou tão eufórico que quase não se conteve.
- Serei um grande homem agora - disse a um amigo. - Preciso de roupas novas imediatamente, roupas que façam jus à minha nova posição na vida.
- Conheço o alfaiate perfeito para você - replicou o amigo. - É um velho sábio que sabe dar a cada cliente o corte perfeito. Vou lhe dar o endereço.
E o novo mandarim foi ao alfaiate, que cuidadosamente tirou suas medidas. Depois de guardar a fita métrica, o homem disse:
- Há mais uma informação que preciso Ter. Há quanto tempo o senhor é mandarim?
- Ora, o que isso tem a ver com a medida do meu manto? - perguntou o cliente surpreso.
- Não posso fazê-lo sem obter essa informação, senhor. É que mandarim recém-nomeado fica tão deslumbrado com o cargo que mantém a cabeça altiva, ergue o nariz e estufa o peito. Assim sendo, tenho que fazer a parte da frente maior que a parte de trás. Anos mais tarde, quando está ocupado com seu trabalho e os transtornos advindos da experiência o tornam sensato, e ele olha adiante para ver o que vem em sua direção e o que precisa ser feito a seguir, aí então eu costuro o manto de modo que a parte da frente e a de trás tenham o mesmo comprimento. E mais tarde, depois que seu corpo está curvado pela idade e pelos anos de trabalho cansativo, sem mencionar a humildade adquirida através de uma vida de esforços, então faço o manto de forma que as costas fiquem mais longas que a frente.
"Portanto, tenho que saber há quanto tempo o senhor está no cargo para que a roupa lhe assente apropriadamente."
O novo mandarim saiu da loja pensando menos no manto e mais no motivo que levara seu amigo a mandá-lo procurar exatamente aquele alfaiate.
Imagem retirada do Bing
Parábola do Vietnã. Fonte: William J. Bennett em O Livro das Virtudes II - O Compasso Moral - Editora Nova Fronteira

"A humildade vem antes da honra."
(Provérbios 15:33)
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