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HOJE ALGUMAS FRASES ME DEFINEM: Clarice Lispector "Os contos de fadas são assim. Uma manhã, a gente acorda. E diz: "Era só um conto de fadas"... Mas no fundo, não estamos sorrindo. Sabemos muito bem que os contos de fadas são a única verdade da vida." Antoine de Saint-Exupéry. Contando Histórias e restaurando Almas."Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." Fernando Pessoa

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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O Patinho Feio - 3H MMN

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Era verão e os dias estavam lindos. O feno formava pilhas nos prados e campinas. As cegonhas caminhavam com suas longas pernas vermelhas, tagarelando umas com as outras. No meio de um grande bosque, havia um lindo lago. No ponto mais ensolarado, à beira do lago, via-se uma velha mansão. A grama, muito bem aparada, ia da casa até a beira da água. A paisagem era realmente encantadora. No meio da folhagem do bosque, uma pata, no seu ninho, aguardava os patinhos que iam nascer. Já estava bem cansada de estar ali tanto tempo. Além disso, quase não recebia visitas, pois os outros patos gostavam mais de nadar do que sentar-se em baixo das folhas para tagarelar com ela. Afinal, os ovos começaram a estalar, um após outro. Os patinhos puseram as cabecinhas para fora e saltaram da casca. Dona Pata grasnou de contentamento e eles responderam baixinho: "Quá, quá, quá!!!"Muito admirados, olhavam para todos os lados. A mamãe deixou-os olhar tanto quanto quiseram, pois a cor verde das folhas faz muito bem aos olhos.- Como é grande e claro o mundo cá fora! Exclamaram os patinhos.- Vocês pensam que o mundo é só isso? Perguntou Dona Pata. Ele se estende para o outro lado do bosque e vai seguindo até perder-se de vista. Bem, penso que vocês já estão todo aqui, não é?Ela se levantou e olhou à volta.- Não, ainda falta um. O ovo maior está intacto. Quanto tempo levará?Dizendo isto, Dona Pata sentou-se novamente no ninho.- Olá, como vai passando? Perguntou uma pata velha que veio fazer-lhe uma visita. - Vou bem, obrigada, apenas um pouco aborrecida porque a casca deste ovo ainda não se partiu. Entretanto, você já pode olhar os outros patinhos. São os mais lindos que já vi, exatamente igual ao pai. Aquele maroto há muito não me aparece...- Deixe-me olhar o ovo que ainda não se abriu, disse a velha pata. Huuummm! Você pode ter certeza que é ovo de perua. Eu já fui enganada assim, uma vez, e só tive aborrecimentos, pois peru tem medo de água. Grasnei e mordi-os, mas não consegui atirá-los na água. Deixe-me ver o ovo. Não resta dúvida, é de perua! Não perca seu tempo, deixe-o sozinho e ensine os outros a nadarem.- Chocá-lo-ei mais um pouco, disse a pata.- Desejo-lhe boa sorte. Passe bem.A velha pata foi-se embora. Daí a algum tempo, o ovo começou a estalar e, de lá de dentro, foi saindo um patinho muito grande e simplesmente feio. Dona Pata olhou-o muito desapontada e exclamou:- Que patinho monstruoso! Não se parece com nenhum dos outros. Será que é filho de perua? Bem, logo descobrirei isto. Irá para a água, nem que eu tenha que empurrá-lo.O dia seguinte amanheceu lindo. O sol brilhava sobre a folhagem. A mamãe pata foi com sua ninhada até o lago. Atirou-se na água e chamou os filhinhos:- Quá! Quá! Quá! Disse ela e eles, uns atrás dos outros, foram-se atirando. A água cobriu suas cabecinhas mas eles levantaram-se e flutuaram lindamente. Suas patinhas moveram-se e lá foram eles nadando. Até o feioso nadou.- Não, este não é peru, disso Dona Pata. Sabe usar muito bem as patas e mantém-se ereto sobre a água. Afinal de contas, é meu filho e, talvez, quando crescer não seja tão feio.

Quá! Quá! Quá! Venham comigo. Vou apresentá-los no quintal. Fiquem sempre perto de mim, para não serem pisados, e muito cuidado com o gato.Foram, então, ao quintal. Havia lá horrível confusão. - Endireitem as patinhas, disse ela. Grasnem apropriadamente e inclinem a cabeça diante da velha pata. Ela é a mais importante de todas nós aqui. Tem sangue espanhol nas veias. Tem uma argola vermelha numa das patas, o que indica sua boa raça. Lá vem ela. Vamos, grasnem, inclinem a cabeça.Eles fizeram exatamente o que a mãe recomendou. Os outros patos olharam-se e comentaram:- Agora teremos que suportar esta outra tribo, como se não fossemos suficientes! Cruzes! Que patinho feio aquele lá atrás!Dizendo isto, um dos patos saiu correndo e bicou o pobre bichinho no pescoço.- Deixe-o em paz! pediu Dona Pata. Ele não lhe está causando nenhum dano.- Relalmente não está, mas acontece que ele é tão feio e esquisito que não pude controlar-me, respondeu o malvado.- Seus filhinhos são lindos, exceto aquele ali, disse a pata velha. Está se vendo que não é de boa raça.- Realmente ele não é bonito, mas é muito bonzinho e nada tão bem quanto os outros. Talvez no futuro ele melhore, disse Dona Pata e acariciou o pescoço do filhinho.- Fiquem à vontade, crianças e, se acharem uma minhoca, podem trazê-la para mim.Depois disso, os patinhos sentiram-se mais à vontade. O feioso, coitado, levou bicadas e foi sacudido pelos outros patos e até pelas galinhas. Estava desesperado e não sabia que rumo tomar. Servia de galhofa para todos. Os dias foram-se passandp e, cada vez, ele se via mais atropelado. Até seus irmãos costumavam aborrecê-lo, dizendo:- Se ao menos o gato pegasse esta coisa horripilante...Sua própria mãe disse um dia:- Eu desejava vê-lo bem longe de mim.Os patos o bicavam, as galinhas o espicaçavam e a menina que os alimentava sempre o deixava de lado.Certo dia, não aguentando mais aquela situação, ele fugiu e chegou à sebe onde os passarinhos se aninhavam.- Não tenho culpa de ser tão feio! pensou ele, muito, muito triste.Continuou a andar até que chegou a um campo, onde viviam patos selvagens. Estava tão cansado que passou a noite lá. Pela manhã, os patos selvagens foram inspecionar seu novo companheiro.- Que espécie de bicho é você? lhe perguntaram assim que ele os cumprimentou. Você é horrivelmente feio, mas isto não tem importância. Pode ficar aqui, desde que não pretenda casar-se em nossa família.Pobre patinho! Absolutamente não havia pensado em casamento. Ele desejava apenas permissão para ficar ali no meio da folhagem e beber um pouco de água. Ficou lá dois dias inteiros. No fim desse tempo, dois gansos selvagens, muito mal educados, chegaram e disseram:- Você é tão feio, camarada, que até temos pena de você. Há outro lago, aqui perto, onde vivem gansas encantadoras! São doces criaturas que sabem grasnar de momo especial. Reúna-se ao nosso grupo e vamos até lá. Com a sua feiura elas se divertirão bastante!Nesse momento, ressoou um tiro, no alto, depois outro e outro... bandos de gansos selvagens voavam assustados. Havia uma grande caçada. Os caçadores estavam escondidos no arvoredo, à volta do lago. Os cães farejavam à volta, patinhando no pantano. Tudo isso alarmava horrivelmente o pobre patinho feio. Eles enroscou o pescoço para esconder a cabeça debaixo da asa e ficou lá escondido entre os arbustos. Já era tarde quando o barulho cessou. Apesar disso, o patinho não ousava levantar-se. Esperou muitas horas ali sentado. Finalmente tomou coragem, olhou à sua volta e voou o mais depressa que pode. Correu por campos e prados. Ventava tanto que era difícil equilibrar-se. Tarde da noite, chegou a um casebre. Era tão miserável que se mantinha em pé por milagre. O vento assobiava tão ferozmente, e de repente ele notou que o vento abrira a porta do casebre. Resolveu, então entrar para abrigar-se. Lá vivia uma senhora idosa, com um gato e uma galinha. O gato, que se chamava Mimi, arqueava as costas, ronronava e seus olhos lançavam chispas, pedindo que o acariciassem. A galinha tinha patas tão curtas que era, por isso, chamada Baixotinha. Punha ovos deliciosos e a senhora gostava dela como se fosse sua filha. Pela manhã, o patinho foi descoberto. O gato começou a ronronar e a galinha cacarejou. - Que será isto? perguntou a senhora, olhando ao redor. Ela não enxergava bem e pensou que o patinho fosse uma pata grande que tivesse fugido de algum lugar.- Que bom achado! exclamou a senhora. Agora terei ovos de pata, caso não seja um pato. Esperemos para ver. Durante três semanas o patinho esteve em observação, mas os ovos não apareçeram.O gato e a galinha eram donos da casa e, por isto, julgavam-se muito importantes. A galinha perguntou ao patinho:- Você põe ovos?- Não, respondeu o patinho humildemente.- Você sabe arquear as costas e ronronar? perguntou o gato.- Também não, tornou a responder o patinho.- Pois então, fique sabendo que é um grande tolo, disse a galinha.O patinho sentou-se num canto, cozinhando o seu mau humor. De repente, apossou-se dele um grande desejo de nadar ao sol, sentindo a frescura da manhã. E então ele resolveu ir embora novamente. Atirou-se na água, nadou e mergulhou, sentindo-se mais calmo depois disto. Entretanto, continuava a ser olhado com indiferença pelas outras criaturas, por causa da sua feiúra. O outono chegou. As folhas foram ficando amareladas. Os dias foram passando e o vento soprava sempre mais forte e o céu estava ficando cada vez mais pesado de nuvens. O patinho ficou amedrontado. Chegou o inverno. Uma tarde, quando o sol se punha, um bando de bonitos pássaros surgiu do arvoredo. O patinho nunca havia visto animais tão belos. Eram deslumbrantemente brancos, com pescoços longos e curvos. Eram cisnes. Espalhavam suas largas asas e voavam das regiões frias para as terras quentes. Voavam tão alto, que o patinho sentiu-se estranhamente inquieto. Durante muito tempo nadou, acompanhando o vôo dos cisnes. Não os conhecia, mas sentia-se estranhamente atraído para perto deles. Intimamente desejou ser assim tão bonito. O inverno estava tão amargamente frio, que o patinho teve que nadar muitas vezes, à volta do lago, para se aquecer. Entretanto a superfície do lago cada vez diminui a mais e, finalmente, congelou-se. O patinho teve que ajeitar as patinhas para não vira sorvete, mas acabou ficando cansado. De manhã cedo, um camponês vinha andando e viu-o ali, quase morto. Apanhou-o e levou-o para casa, entregando-o à esposa. Lá ele reviveu. As crianças quiseram brincar com ele, mas o coitado teve medo de ser maltratado. Por isso, meteu-se na panela do leite, esparramando-o por todo o lado. A mulher do camponês gritou e sacudiu as mãos, deixando-o ainda mais assustado. Voou, então, para a batedeira de manteiga, fazendo novo estrago. A mulher, aborrecida, quis bater-lhe com uma vara. As crianças esbarravam umas nas outras, na tentativa de segurá-lo. Por sorte, a porta estava aberta, e o patinho saiu voando. Meteu-se no meio das árvores, mas acabou caindo outra vez na neve. Estava exausto. Seria muito triste descrever todas as privações que ele teve que suportar até o final do inverno. Quando o sol começou novamente a brilhar, o patinho foi para o lago. As cotovias cantavam e a primavera vinha chegando. Ele já estava mais crescido e sacudia as asas com, mas força do que antes. Voou e encontrou-se num bonito pomar, onde as macieiras estavam em flor. No ar, sentia-se o perfume dos lilases. A frescura da primavera estava deliciosa! Exatamente à sua frente, encontrou três cisnes, que avançavam em sua direção, deslizando suavemente sobre a superfície do lago. O patinho logo os reconheceu. Eram os mesmos cisnes que ele havia visto voando. Ficou possuído de uma estranha melancolia. - Voarei até os pássaros reais e, com certeza, virar-me-ão as costas, por causa da minha feiúra, mas não faz mal. Prefiro ser morto por eles do que mordido pelos patos, bicado pelas galinhas, espancado pela mulher do camponês e ainda suportar a rigidez do inverno. Assim pensando, voou em direção dos cisnes. Eles o viram e se aproximaram, gentilmente, ruflando as asas. - Matem-me, disse ele.Abaixou a cabeça e ficou esperando a morte, mas, através da água transparente, que ele viu?Com grande surpresa, viu sua própria imagem refletida na água. Ele não era mais aquele patinho feio, cinzento e desajeitado. Era um belo cisne!Ficou verdadeiramente emocionado. Os cisnes grandes nadavam à sua volta, como se quisessem render-lhe homenagem. Algumas crianças vieram ao lago trazendo pedacinhos de pão para eles. A menor exclamou:- Hoje há mais um cisne, e como é bonito!!!As outras crianças disseram: - Ele é o mais belo de todos e é muito jovem.Os velhos cisnes inclinaram as cabeças, em sinal de respeito, e depois acariciaram-no com o bico.O cisnezinho ficou encabulado e escondeu a cabecinha embaixo da asa. Apesar de muito contente, não estava orgulhoso, pois quem tem bondade no coração não sente orgulho. Lembrou-se de tudo o que sofrera e deu graças a Deus por ser agora tão feliz!

O Patinho Feio (em dinamarquês Den grimme ælling) é um conto de fadas
do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen publicado pela primeira vez em 11 de Novembro de 1843 em Nye Eventyr.
Resumo da História:
Um filhote de
cisne é chocado no ninho de uma pata. Por ser diferente de seus irmãos, o pobre é perseguido, ofendido e maltratado por todos os patos e galinhas do terreiro.
Um dia, cansado de tanta humilhação, ele foge do ninho. Durante sua jornada, ele para em vários lugares, mas é mal recebido em todas. O pobrezinho ainda tem de agüentar o frio do
inverno.
Mas, quando finalmente chega a
primavera, ele abre suas asas e se une a um majestoso bando de cisnes, sendo então reconhecido como o mais belo de todos.
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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A História Dos Segredos De Como as Coisas Acontecem


Roberto de Freitas
Firuli Firuló quem será capaz de desatar este nó?Pipipi Pepepe não sei e não quero nem saber.Macacá mococó não me deixe aqui tão só!Piriri pereré eu acho que vou dar no pé.Ciriniu cirineu se você for não saberá o que aconteceu!Tico-tico pico-pico mas se você for contar eu fico.Vatapú catatá então senta que vou lhe contar!!!
Essa é a história do mundo sem pressa e de tudo esquecido.Alguém ai se lembra da lagartixa sem rabo e do rabo que custou a crescer?E da dona formiga distraída que caiu no balde de tinta e saiu de lá com a bunda toda pintada?
Lá neste mundo sem pressa e de tudo esquecido, os relógios viviam sempre atrasados, marcando horas que há horas já haviam passado, em tique-taques lerdos e desacelerados - tique taque - tictictictictic-tactactactac.
Pois a dona Preguiça Preguiçosa era a rainha deste mundo, e fora ela que havia, através de magia, prendido O Sr. TudoTemSeuTempo e a Dona Compressa na mais alta masmorra do seu castelo e convidado para sentar no trono ao seu lado, sua prima, a Dona Sem Pressa. E as duas juntas, Dona Preguiça e a Dona Sem pressa, passaram a governar aquele mundo, e ditar as normas para o ritmo com que as coisas aconteciam.
Lá, as horas demoravam para passar, levavam quase um dia inteiro. E o dia, demorava para nascer, pois o Sr. Sol morria de preguiça de aparecer, e quando aparecia morria de preguiça de se esconder. E só se escondia porque a D. Lua, na sua sabia rebeldia, não respeitava a lei do ritmo dado as coisas pela D. Preguiça e a D. Sem Pressa. Então à noite os relógios tinha que bater a hora certa, por que as coisas voltavam para o seu ritmo normal, pois se não a D. Lua se escondia e a noite se ia, e as horas tinham que dar um jeito de correr para passar, se não outras horas viam e passavam por cima destas horas que ainda não haviam se passado e ficavam lá para trás. Ufa!!! Que confusão! Mas deste jeito a D. Lua conseguia colocar as horas nos seus devidos lugares.
E era confuso mesmo, se confuso de contar, imaginem para quem vivia lá - eram dias imensos com as noites que custavam para chegar. Quando a noite chegava, a gente mal dormia e já estava na hora de acordar.
Numa bela noite, a D. Lua, cheia de ter que botar as horas para correrem, destacou uma estrela do seu pelotão e lhe ordenou:- Minha Filha Estrela estou tão cansada de ter que acertar as horas que tem que passar, mas se assim eu não fizer, que horas terão para me dar? Não saberás, por que o mundo em plena confusão cairá. Então vá minha filha estrela com a missão de concertar, com seu brilho intenso ofusque a magia da D. Preguiça e liberte da masmorra o Sr. TudoTemSeuTempo e a Dona Com Pressa. E eles irão lhe ajudar a arrumar todas horas nos seus devidos lugares. Mas vai disfarçada, como quem não quer nada, e anda não terás muito tempo, só até o fim desta madrugada.
A estrela então desceu do céu determinada e pelo caminho ia pensando em qual disfarce iria usar. Disfarçou-se então em sonho, assim todos a viriam, mas como era um sonho, ninguém muita importância lhe daria. E foi por isso que naquela noite todos, todos neste mundo sonharam com uma estrela que fazia uma arco pelo céu.
Chegando no castelo, passou também pelos sonhos de D. preguiça e D. Sem Pressa. Pelos cantos da torre transformou-se novamente em estrela. Subiu até a masmorra e encontrou o Sr. TudoTemSeuTempo e a Dona Com Pressa, usando seu brilho intenso os libertou da magia da Dona Preguiça. A D. Com Pressa, mal agradeceu a estrela e saiu correndo para dar pressa ao mundo, nem dando ouvidos para o Sr. TudoTemSeuTempo que lhe dizia num tom suave: "Calma, calma, tudo tem seu tempo." E lá foram os dois a Dona Com Pressa um pouco adiante e o Sr. TudoTemSeuTempo um passinho atrás.
A estrela disfarçou-se novamente invadindo os sonhos, que acabaram virando pesadelos, da D. preguiça e D. Sem Pressa, passando-lhe o maior sabão. Ainda pela madrugada, elas acordam meio assim tontas e humilhadas, a estrela, aproveitando este momento, as fez assinar um documento, neste a D. preguiça e D. Sem Pressa eram obrigadas, sob a pena de serem transformadas em apenas vagas lembranças, a dividirem democraticamente seu reinado com o Sr. TudoTemSeuTempo e com a Dona Com Pressa.
E, a partir de então, lá naquele mundo, as horas passaram as serem horas felizes, umas com preguiça, outras sem muita pressa, outras com muita pressa e outras tranqüilas de saberem que tudo tem seu tempo.
Quando a estrela voltou pro céu, pela sua esperteza, recebeu da D. Lua uma medalha muito brilhante e bonita em forma de calda e o titulo de guardiã do segredos de como as coisas acontecem. E de vez em quando lá no céu ela passa toda brilhando.
E essa história assim termina...
- Mas e a lagartixa sem rabo e do rabo que custou a crescer?E a dona formiga distraída que caiu no balde de tinta, e saiu de lá com a bunda toda pintada?
- A lagartixa sem rabo e do rabo que custou a crescer? Não fez parte nesta história, mas se queres mesmo saber, ela esta aí escondia, esperando seu rabo crescer. E da dona formiga distraída que caiu no balde de tinta, e saiu de lá com a bunda toda pintada? Também não fez parte nesta história, mas se queres saber, Gostou tanto desta moda que agora a cada dia desfila com uma bunda de cada cor: amarelo, vermelho, verde, azul e lilás.
Um abraço, um beijo, um pedaço de queijo e até mais...
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A Árvore Que Caiu

Roberto de Freitas


E como toda boa história,Essa assim também começa:
Era uma vez laaaaaaaaaaaaá naaaaaaaaaaa floressssssssssssta do: "Oi,ComoVai?TuboBem?TudoBom!EVocê?TudoBem?TudoBom!EntãoTáBom!........EtãoTá,TudoDeBomPraVocê!Ah,PraVocêeProsSeusTambém!AtéMaisVer!....... Até!ComDeus!Amém,FicaComDeusTambém!Tchau!!!Tchau!!!"
A floresta tinha esse nome, porque lá todos tinham uma mania de se cumprimentar, podiam se encontrar várias vezes no mesmo dia, que se cumprimentavam como se houvesse muito tempo que não se viam: - Oi, como vai? Tubo bem? - Tudo bom! E você? Tudo bem? - Tudo bom! - Então tá bom! - Então tá, tudo de bom pra você! - Ah, pra você e pros seus também!- Até mais ver!- Até! Com Deus!- Amém, fica com Deus também!- Tchau!!!- Tchau!!!
Mas, deixando os cumprimentos de lado e chegando na história de fato ... Num belo dia, vinha caindo do céu uma sementinha, vinha caiiiiiiiiiiiiiindo, caiiiiiiiiiiindo, caiiiiiiiiiiiiiiiindo (vinha cainho devagarinho, porque ela era muito levizinha). Até que caiu no chão. Ali ela ficou.
E veio sol e veio a chuva. Veio o dia e veio a noite.
Veio o sol e veio o dia. Veio a chuva e veio a noite.
Aquela sementinha, que era bem pequenininha, começou a crescer, germinou brotou na terra e continuou crescendo. Virou plantinha, nasceu folhinha e continuou crescendo. Tomou jeito de árvorizinha e continuou crescendo. Galhos já eram para todos lados e continuou crescendo. Não parava de crescer e foi crescendo, crescendo, crescendo, virou a árvore maior da floresta e continuou crescendo. E foi neste crescendo, crescendo, crescendo, que chegou com sua copa lá em cima nas nuvens e virou a árvore maior do mundo.
É, ficou grande, grande e convencida, lá de cima, orgulhosa, ela assim cloroficamente dizia:
- "Eu sou a árvore maior do mundo, eu sou a árvore mais bonita do mundo, eu sou a árvore mais forte do mundo... E blá blá blá blá blá, ela não parava de se vangloriar: "Eu sou a rainha da floresta!!!"
O povo, lá embaixo, parou até com a mania de se cumprimentar, quando se encontravam era só um: "Vovovovovocê viu, óh! Vovovovovocê viu, ah! Uns admirados, outros morrendo de medo, porque aquela árvore de tão grande metia medo. E ela, lá de cima, toda poderosa, via o povo aqui embaixo como se fossem formiguinhas.
E assim foi, até que num belo dia...
Belo dia que nada!
Num dia feio, destes de muitos ventos, chuvas e trovoadas...
Foi aí que a arvrona viu que forte ela não era, não era nada.
Porque vinha um vento, mas um ventão, desses que carregam nuvens e varrem o chão, passava por ela e, como ela era muito grande e não tinha em quem se segurar, ela balançava todinha. Vinha um outro e ela ia. Mais um outro e ela trrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrremia.
E foram vindo ventos de tudo enquanto era lado, vento assim e vento assado. E, num dado momento, ela não mais se agüentou e... se quebrou.
Aquela arvrona grandona estava agora ali partida ao meio.
Então ela começou a chorar, e foi chorando, chorando, chorando, chegou a murchar de tanto chorar.
E ai sabem quem apareceu: Zuzu do Bem, a deusa da floresta do "OiComoVaiTudoBem...", que pegou sua varinha de condão, bateu no pé na árvore que caiu e disse as suas palavrinhas mágicas "bem-bem-bem-bererem-bem-bem eu-vou-bem-e-você-também" . Transformando aquela arvrona, num monte de arvorizinha bem pequenininha. E, com essas mudinhas, saiu por aí, replantando o mundo. E foi assim que o mundo verde de novo ficou.
Ah, e, graças a Deus, até hoje, o povo de lá da floresta tem essa gostosa mania de se cumprimentar:"Oi, como vai? Tubo bem? Tudo bom! E você? Tudo bem? Tudo bom! Então tá bom! Então tá, tudo de bom pra você! Ah, pra você e pros seus também! Até mais ver! Até! Com Deus! Amém, fica com Deus também! Tchau!!! Tchau!!! "Oi, como vai? Tubo bem? Tudo bom! E você? Tudo bem? Tudo bom! Então tá b.....
E, atualmente, inventaram até uma outra, que é assim:Me desculpe, foi sem querer! Tudo bem, não foi nada, isto acontece! Então tá bom, precisando de qualquer coisa me procure. Obrigado! Não há de quê, disponha. Me desculpe, foi sem querer! Tudo bem, não foi nada, isto acontece! Então tá bom, precisando de qualquer coisa me procure. Obrigado! Não há de quê, disponha...Mas isto ó faz parte de uma outra história...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Esopo e Jean La Fontaine

Fábulas (do latim- fari - falar e do grego - Phao - contar algo)

Narrativa alegórica de uma situação vivida por animais, que referencia uma situação humana e tem por objetivo transmitir moralidade. A exemplaridade desses textos espelha a moralidade social da época e o caráter pedagógico que encerram. É oferecido, então, um modelo de comportamento maniqueísta; em que o "certo" deve ser copiado e o "errado", evitado. A importância dada à moralidade era tanta que os copistas da Idade Média escreviam as lições finais das fábulas com letras vermelhas ou douradas para destacar.
A presença dos animais deve-se, sobretudo, ao convívio mais efetivo entre homens e animais naquela época. O uso constante da natureza e dos animais para a alegorização da existência humana aproximam o público das "moralidades". Assim apresentam similaridade com a proposta das parábolas bíblicas.
Algumas associações entre animais e características humanas, feitas pelas fábulas, mantiveram-se fixas em várias histórias e permanecem até os dias de hoje.
leão - poder real
lobo - dominação do mais forte
raposa - astúcia e esperteza
cordeiro - ingenuidade
A proposta principal da fábula é a fusão de dois elementos: o lúdico e o pedagógico. As histórias, ao mesmo tempo que distraem o leitor, apresentam as virtudes e os defeitos humanos através de animais. Acreditavam que a moral, para ser assimilada, precisava da alegria e distração contida na história dos animais que possuem características humanas. Desta maneira, a aparência de entretenimento camufla a proposta didática presente.
A fabulação ou afabulação é a lição moral apresentada através da narrativa. O epitímio constitui o texto que explicita a moral da fábula, sendo o cerne da transmissão dos valores ideológicos sociais.
Acredita-se que esse tipo de texto tenha nascido no século XVIII a.C., na Suméria. Há registros de fábulas egípsias e hindus, mas atribui-se à Grécia a criação efetiva desse gênero narrativo. Nascido no Oriente, vai ser reinventado no Ocidente por
Esopo (Séc. V a.C.) e aperfeiçoado, séculos mais tarde, pelo escravo romano Fedro (Séc. I a.C.) que o enriqueceu estilisticamente. Entretanto, somente no século X, começaram a ser conhecidas as fábulas latinas de Fedro.
Ao francês
Jean La Fontaine (1621/1692) coube o mérito de dar a forma definitiva a uma das espécies literárias mais resistentes ao desgaste dos tempos: a fábula, introduzindo-a definitivamente na literatura ocidental. Embora tenha escrito originalmente para adultos, La Fontaine tem sido leitura obrigatória para crianças de todo mundo.
Podem-se citar algumas fábulas imortalizadas por


"O lobo e o cordeiro",
"A raposa e o esquilo",
"Animais enfermos da peste",
"A corte do leão",
"O leão e o rato",
"O pastor e o rei",
"O leão, o lobo e a raposa",
"A cigarra e a formiga",
"O leão doente e a raposa",
"A corte e o leão",
"Os funerais da leoa", "
A leiteira e o pote de leite".


O brasileiro Monteiro Lobato dedica um volume de sua produção literária para crianças às fábulas, muitas delas adaptadas de Fontaine. Dessa coletânea, destacam-se os seguintes textos: "A cigarra e a formiga", "A coruja e a águia", "O lobo e o cordeiro", "A galinha dos ovos de ouro" e "A raposa e as uvas".

Esopo
Obra

Célebre fabulista grego, provavelmente nascido pelo ano de 620 a. C.
Segundo o historiador Heródoto, Esopo teria nascido na Trácia, região da Ásia Menor, tornando-se escravo na Grécia. Outro hstoriador, Heráclites do Ponto, afirma ser o roubo de um objeto sagrado a causa da morte do fabulista. Como era costume no caso de sacrilégios, Esopo teria sido atirado do alto de um rochedo.
Discute-se a sua existência real, assim como acontece com Homero. Assim, há ainda alguns detalhes atribuídos à biografia de Esopo, cuja veracidade não se pode comprovar: seria aleijado, dificuldades de fala e seria um protegido do rei Creso.
Levanta-se a possibilidade de a obra esopiana ser uma compilação de fábulas ditadas pela sabedoria popular da antiga Grécia. Seja lá como for, o realmente importante é a imortalidade das fábulas a ele atribuídas.
As primeiras versões escritas das fábulas de Esopo datam do séc. III d. C. Muitas traduções foram feitas para várias línguas, não existindo uma versão que se possa afirmar ser mais próxima da primordial. Destaca-se, entre os estudiosos da obra esopiana, Émile Chambry, profundo conhecedor da língua e da cultura gregas. Chambry publicou, em 1925, Aesopi - Fabulae em que trabalha com 358 fábulas.
Características das fábulas esopianas:
narrativas, geralmente, curtas, bem-humoradas e relacionadas ao cotidiano
encerram em si uma linguagem simples, pois dirigem-se ao povo
apresentam-se repetições vocabulares num texto em prosa
contêm simples conselhos sobre lealdade, generosidade e as virtudes do trabalho
a moral é representada por um pensamento, nem sempre relacionado diretamente à narrativa
personagens são, basicamente, animais que apresentam comportamento humano.
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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A Galinha Ruiva - 2H MMN

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Um dia uma galinha ruiva encontrou um grão de trigo. - Quem me ajuda a plantar este trigo? - perguntou aos seus amigos. - Eu não - disse o cão. - Eu não - disse o gato.- Eu não - disse o porquinho. - Eu não - disse o peru. - Então eu planto sozinha - disse a galinha. - Cocoricó! E foi isso mesmo que ela fez. Logo o trigo começou a brotar e as folhinhas, bem verdinhas, a despontar. O sol brilhou, a chuva caiu e o trigo cresceu e cresceu, até ficar bem alto e maduro. - Quem me ajuda a colher o trigo? - perguntou a galinha aos seus amigos. - Eu não - disse o cão. - Eu não - disse o gato. - Eu não - disse o porquinho. - Eu não - disse o peru. - Então eu colho sozinha - disse a galinha. - Cocoricó! E foi isso mesmo que ela fez. - Quem me ajuda a debulhar o trigo?- perguntou a galinha aos seus amigos.- Eu não - disse o cão. - Eu não - disse o gato. - Eu não - disse o porquinho. - Eu não - disse o peru.- Então eu debulho sozinha - disse a galinha. - Cocoricó! E foi isso mesmo que ela fez. - Quem me ajuda a levar o trigo ao moinho? - perguntou a galinha aos seus amigos. - Eu não - disse o cão. - Eu não - disse o gato. - Eu não - disse o porquinho. - Eu não - disse o peru. - Então eu levo sozinha- disse a galinha. - Cocoricó! E foi isso mesmo que ela fez. Quando, mais tarde, voltou com a farinha, perguntou: - Quem me ajuda a assar essa farinha? - Eu não - disse o cão. - Eu não - disse o gato.- Eu não - disse o porquinho.- Eu não - disse o peru.- Então eu asso sozinha - disse a galinha.- Cocoricó! A galinha ruiva assou a farinha e com ela fez um lindo pão. - Quem quer comer esse pão? - perguntou a galinha. - Eu quero - disse o cão. - Eu quero - disse o gato.- Eu quero - disse o porquinho. - Eu quero - disse o peru.- Isso é que não! Sou eu quem vai comer esse pão!- disse a galinha. - Cocoricó. E foi isso mesmo que ela fez.

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MoraL da História:

Se queremos dividir a recompensa, devemos compartilhar o trabalho.


Do livro: O livro das Virtudes para Crianças



Conto Popular Inglês


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“Entre arminhos e espinhos: contos de mulheres”



No próximo sábado, 21/11, o projeto “Feira de Histórias” (Avenida Bernardo Monteiro, s/n, entre a Avenida Brasil e a Rua dos Otoni – Funcionários) vai receber um espetáculo diferente.

“Entre arminhos e espinhos: contos de mulheres”

Foi elaborado pelas alunas do Módulo III do curso “A Arte de Contar Histórias”, da Aletria.
Nesse espetáculo, a sensibilidade e dualidade femininas são explicitadas. Nomes como Marina Colassanti, Cora Coralina, Leila Ferreira e Chico Buarque dão o tom necessário à montagem, totalmente realizada pelas alunas, junto com a professora Beatriz Myrrha.
Ao passarem por todas as etapas da concepção de um espetáculo de narração, os alunos conseguem colocar em prática o conteúdo apreendido durante o curso. E nada melhor do que uma feira pública para atestar esse conhecimento.

“Entre arminhos e espinhos: contos de mulheres” é um espetáculo das alunas Ana Lúcia Soares, Denise Tiseu, Gaby Costa, Malu Brant, Myriam Barra e Paola Bellezia. A apresentação acontece à partir das 11h.

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A Estreia da Abelha Chocolateira - 1H - MMN


Era uma vez uma abelha que não sabia fazer mel.
- Mas você é uma operária! - gritava a rainha - Tem que aprender.
Na colméia havia umas 50 mil abelhas e Anita era a única com esse problema.
Ela seesforçava muito, muito mesmo.
Mas nada de mel...
Todos os dias, bem cedinho, saía atrás das flores de laranjeira,
que ficavam nas árvores espalhadas pelo pomar.
Com sua língua comprida, ela lambia as flores elevava seu néctar na boca.
O corpinho miúdo ficava cheio de pólen,
que ela carregavae largava, de flor em flor, de árvore em árvore.
Anita fazia tudo direitinho.
Chegava à colméia carregada de néctar para produzir o mais gostoso e esperado mel e nada!
Mas um dia ela chegou em casa e de sua línguasaiu algo muito escuro.
- Que mel mais espesso e marrom...
- gritaram suas colegas operárias.
- Iac, que nojo!
- esbravejaram os zangões.
Todo mundo sabe que os zangões se zangam à toa,
mas aquela história estava ficando feia demais.
Em vez de mel, Anita estava produzindo algo doce, mas muito estranho.
- Ela deve ser expulsa da colméia! - gritavam os zangões.
- É horrorosa, um desgosto para a raça! - diziam outros ainda.
Todas as abelhas começaram a zumbir e a zombar da pobre Anita.
A única que ficouao lado dela foi Beatriz,
uma abelha mais velha e sábia.
Um belo dia, um menino viu aquele
mel escuro e grosso sobre as plantas próximas da colméia,
que Anita tinha rejeitado de vergonha.
Passou o dedo, experimentou e,surpreso, disse:
- Que delícia. Esse é o mais saboroso chocolate que eu já provei na vida!
- Chocolate? Alguém disse chocolate?
- indagou a rainha, que sabia que o chocolatevinha de uma fruta, o cacau, e não de uma abelha.Era mesmo um tipo de chocolate diferente, original, animal,
feito pela abelha Anita,ora essa, por que não...Nesse momento, Anita, que ouvia tudo,
esboçou um tímido sorriso. Beatriz, quetambém estava ali, deu-lhe uma piscadela,
indicando que tinha tido uma idéia brilhante.
No dia seguinte, lá se foram Anita e Beatriz iniciar uma parceria incrível:
fundaramuma fábrica de pão de mel,
juntando o talento das duas para produzir uma deliciosa combinação
de mel com chocolate.
Moral da história:
As diferenças e riquezas pessoais, que existem em cada um de nós,
são singulares e devem ser respeitadas.
Fábula de Katia Canton.
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História para todos apetites e idades.
Bjs Melados,
Nice Baêta.
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terça-feira, 10 de novembro de 2009

O Cego e o Moço


Um cego andava pedindo esmola pela mão de um moço; a uma porta deram-lhe um naco de
pão e um bocado de linguiça. O moço pegou no pão e deu-o ao cego para metê-lo na sacola, e
ia comendo a linguiça muito à sorrelfa. O cego, desconfiado, pelo caminho começa a bradar
com o moço:
– Ó grande tratante, cheira-me a linguiça! Acolá deram-me linguiça e tu só me entregaste o
pão.
– Pela minha salvação, que não deram senão pão.
– Mas cheira-me a linguiça, refinado larápio!
E começou a bater com o bordão no moço pancadas de criar bicho. O moço era ladino e disse
lá para si que o cego lhas havia de pagar. Quando iam por uns campos onde estavam uns
sobreiros, o moço embicou o cego para um tronco, e grita-lhe:
– Salta, que é rego. O cego vai para saltar e bate com os focinhos no sobreiro. Grita ele:
– Ó rapaz do diabo! Que te racho.
Diz-lhe ele:
Pois cheira-lhe o pão a linguiça, E não lhe cheira o sobreiro à cortiça?

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Teófilo Braga,
Contos Tradicionais do Povo Português,
1883

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