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HOJE ALGUMAS FRASES ME DEFINEM: Clarice Lispector "Os contos de fadas são assim. Uma manhã, a gente acorda. E diz: "Era só um conto de fadas"... Mas no fundo, não estamos sorrindo. Sabemos muito bem que os contos de fadas são a única verdade da vida." Antoine de Saint-Exupéry. Contando Histórias e restaurando Almas."Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." Fernando Pessoa

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sábado, 22 de janeiro de 2011

O Velho Querecas


imagem do Google
ERA uma moça solteira e muito animosa que ficou órfã de pai e mãe e sem ter onde se abrigar. Na cidade havia uma casa abandonada porque apareciam almas do outro mundo e ninguém queria lá ficar uma noite. A moça lá foi ter e arranjou as coisas para dormir. Perto da meia-noite ouviu um barulho no forro do quarto, gemidos e uma voz gritando: eu caio! eu caio! eu caio!
— Pois cai logo, disse a moça. Caiu uma perna e o barulho começou a ouvir-se mais forte o a voz gritando: eu caio! eu caio! eu caio!
— Pois caia quem já caiu, dizia a moça. Caiu outra perna e assim, com muito barulho, gemidos e gritos de eu caio, eu caio, foram caindo braços, peito, mãos, cabeça, até que tudo ficou no assoalho e se juntou, levantando-se um homem careca, já velho, muito simpático.
— És a única pessoa no mundo que não teve medo de mim e ajudou-me a desencantar. Ainda falta muito mas quero agradecer-te. Aqui tens uma bolsa que sempre estará cheia de moedas por mais que gastes.
Desapareceu o velho e a casa ficou sem barulho algum, muito sossegada. A moça ficou vivendo muito bem, tratando-se do melhor, sem que vissevivalma. Lá uma vez por outra ouvia uma voz que lhe perguntava:
— Falta-lhe alguma coisa?
— Nada me falta, respondia a moça — quem me fala?
— E’ o velho Querecas! dizia a voz.
A moça começou a reparar que a cama amanhecia como se dormissem nela duas pessoas. Resolveu verificar e fingiu adormecer. No escuro .sentiu que uma pessoa entrava no quarto, despia-se e se metia na cama, adormecendo. Ouvindo o ressonar, a moça fez lume para ver quem era, lem-hrando-se do velho Querecas, dono da casa. Viu um moço muito bonito e forte, dormindo calmamente. A moça ficou tão embevecida em contemplá-lo que um pingo de cera da vela caiu em cima do rosto do rapaz e acordou-o.
— Ah! ingrata! Dobraste-me o encanto que estava quási a terminar. Agora para me achares, sapatos de ferro hás-ãe gastar…
Desapareceu o rapaz e a moça ficou muito desconsolada pelo castigo da sua curiosidade. Mandou fazer uns sapatos de ferro, calçou-os e pôs-se a correr mundo, procurando o paradeiro do namorado. Ninguém dava notícia. Os sapatos foram-se gastando e a moça cada vez mais cansada de andar e sofrer necessidades.
Uma tarde chegou a uma cidade e não encontrou hospedagem em parte alguma. Depois de muito procurar, escondeu-se num palheiro abandonado, metendo-se dentro das palhas secas para dormir. Muito tarde acordou por um sussurro de vozese conheceu que eram bruxas numa reunião. Falavam entre elas:
— Que há de novo no teu mundo?
— As mesmas cousas e as mesmos lousas! Por fim uma bruxa que viera por derradeiro disse:
— Novidade, novidade é que o príncipe desta cidade, que estava encantado, no velho Querecas, vai morrer porque ninguém o pode ver…
— E por que não o vêem?
— Porque está invisível e só será visto pelo tecido da bolsa sem fim que ele deu a uma menina que ia quebrando o encanto, mas perdeu porque era curiosa.
Conversaram muito e depois se separaram voando para todos os lados. A moça, logo que rompeu o dia, procurou a verdade e lhe ensinaram o palácio do rei. Foi perguntar pela rainha velha e esta lhe disse que o filho estava encantado num quarto do castelo, doente, mas ninguém o via por mais que procurasse ver. A moça pediu que a levassem até esse quarto, e lá chegando rasgou a bolsa que o velho Querecas lhe dera, e pela fazenda olhou, avistando o mesmo rapaz seu conhecido, deitado no chão, com os olhos fechados, parecendo muito mal. A moça deu um grito e o rapaz acordando, e reconhecendo-a, deu outro ainda maior, deseneantando-se e aparecendo aos olhos de todos. Começaram a tratá-lo com muito carinho e ele ficou bom e casou com a moça.
Teófilo Braga registou uma versão do Algarve, Contos Tradicionais, 1, 4, apenas semelhante no início. A versão que ouvi é do Porto. Os elementos ocorrem noutros contos europeus, parecendo o velho Querecas constituir um conto de convergência. 0 pingo de cera despertando o encantado é o característico na espécie, já presente na lenda de Eros e Psique. O namorado invisível aparece no conto espanhol de Porqueros, León, La loba negra, que o prof. Espinosa registou, Cuentos Populares Españoles, II, 144. O corpo que despenca aos pedaços para a prova de coragem da heroína, figura, apud Braga, na lenda de Atenodoro, narrada por Alexander-ab-Alexandro e traduzida para o português pelo padre Manuel Consciência, Academia universal de vária erudição sagrada e profana, p. 545, Lisboa, 1734. Alexandre de Alexandria faleceu no ano de 328. Sapatos de bronze ou de ferro, medindo o tempo pelo desgaste no uso, encontram-se nas saga de Loo-brókar e na de Skjoldunga, ambas islandesas, apud Stith Thompson, no seu Motif-lndex of Folk-Literature, H 1583.1: — Time measured by worn iron shoes. No Folclore espanhol os siete pares de zapatos de hierro aparecem no Castillo de Oropé, Cabeza de Burro, El lagarto de las siete camisas, contos 128, 127, 130 do Cuentos Populares Españoles, II, Stanford Uni-versity, 1924.
Imagem do Google

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A Moura Torta


Havia um rei que tinha um filho, e quando este chegou à idade de casar, disse a seus pais: - Quero me casar com a mulher mais formosa do mundo. Assim, vou percorrer o mundo até encontrá-la.
Saiu do palácio e caminhou até chegar a uma fonte, onde parou para tomar água. Ao inclinar-se para beber, viu que se refletiam três laranjas. Ergueu os olhos e viu que de uma frondosa laranjeira pendiam três grandes e belas laranjas.
- Que saborosas devem ser, disse o príncipe, e dizendo isso, subiu na árvore e cortou as três preciosas laranjas.
Partiu a primeira e, como por encanto, saiu dela uma jovem muito linda que, ao ver o príncipe, lhe disse:
- Dá-me pão.
- Não posso, disse ele, porque não tenho.
- Então volto para minha laranja, disse a jovem, e desaparecendo, deixou a laranja intacta.
Partiu o príncipe a segunda laranja e da fruta saiu outra jovem, muito mais bela que a primeira.
- Dá-me pão, disse ao príncipe.
- Não posso, pois não tenho, ele falou.
- Então volto para minha laranja. A laranja se fechou e ficou como antes.
O príncipe ficou pensativo e, decidiu conseguir pão, a fim de dar à ultima jovem da laranja.
Assim pensava o jovem, quando coincidiu de passar por ali um cigano em seu coche.
- Amigo, gritou o príncipe - te darei uma moeda de ouro por um pedaço de pão.
Rapidamente o cigano desceu da carruagem e correu a levar o pão ao príncipe.
O príncipe ficou muito contente e satisfeito. Partiu a terceira laranja e, como havia imaginado, do coração da fruta saltou uma jovem muito mais formosa que as anteriores.
- Dê-me pão, ela disse.
O príncipe alegremente deu o pão à jovem, que em seguida falou: - Agora te pertenço, podes fazer de mim o que quiseres.
- Contigo me caso, lhe disse o príncipe.
Como a jovem estava nua, o príncipe queria antes vesti-la para leva-la ao palácio. Deu uma olhada na roupa do cigano que ainda permanecia ali, porem notou que estavam muito sujas.
O príncipe então disse à jovem: - Espera aqui com este cigano até que eu volte com uma roupa.
O cigano tinha uma filha que viajava com ele no coche, porem tinha dormido durante todo o tempo em que a história das laranjas ocorria. Ao despertar no momento em que o príncipe subia no cavalo, caiu de amores por ele.
Desceu logo do coche e foi perguntar ao seu pai o que estava acontecendo. Ele lhe contou o ocorrido.
A cigana, vendo a jovem, lhe disse: - Deixa-me te pentear para que fiques mais bonita para o regresso do príncipe.
A jovem consentiu, e enquanto a cigana penteava sua formosa cabeleira, sentiu que lhe cravavam um alfinete na cabeça. No momento a dama da laranja se transformou numa pomba. A cigana então tirou a roupa e se colocou no lugar onde estava a jovem.
O príncipe voltou e quando viu a cigana, disse: - Senhora! Como escureceste!
A cigana respondeu: - É que demoraste e acabou me queimando o sol.
O príncipe, acreditando ser a mesma jovem da laranja, levou a cigana ao palácio e se casou com ela.
Um dia chegou uma pombinha ao jardim do rei e disse ao jardineiro: Jardineirinho do rei, como está o príncipe com sua mulher?
- Umas vezes canta, porem mais vezes chora - disse o jardineiro. Todos os dias chegava a pombinha e fazia a mesma pergunta ao jardineiro, até que este contou ao príncipe.
O príncipe deu ordem ao jardineiro para que prendesse a pombinha. O jardineiro untou de visgo a árvore onde diariamente pousava a pombinha e, quando esta chegou para sua visita diária, ao querer voar, ficou presa à árvore, podendo apanha-la o jardineiro e leva-la ao príncipe.
O príncipe se enamorou da pombinha. Colheu-a com carinho e ao acariciar-lhe a cabeça, encontrou o alfinete que tinha sido cravado e retirou-o. Imediatamente a pombinha se transformou na bela dama da laranja.
A formosa jovem contou sua aventura ao príncipe e, entrando os dois no palácio, comunicaram o ocorrido ao rei.
O rei, indignado, deu ordens para que imediatamente matassem a cigana, e o príncipe e a dama da laranja se casaram e foram felizes para sempre.

sábado, 15 de janeiro de 2011

A Gravidez da Amizade

Imagem retirada do Google
Toda amizade é uma história particular. É uma história de conquista.
Primeiro, descobre-se o outro. Todo mundo parece igual, mas não é. E é justamente essa coisinha diferente em cada um que torna cada pessoa única. E de repente ali está a sementinha da amizade fecundada. A gestação começa.
São pedacinhos de nós que vão ficando nas conversas e pedacinhos do coração do outro que vão caminhando para dentro da gente.
Há os risos e os sorrisos, a partilha de coisas simples ou de coisas importantes.
As descobertas, cheias de surpresas muitas vezes.
A voz calada que pensa, não diz nada... adivinha!
Fazemos idéia imediata de uma pessoa ao primeiro contato. Julgamos? Talvez. E só os próximos dias, horas ou instantes vão nos dizer se julgamos certo. Acontece de nos enganarmos em certos pontos e quantas vezes não bendizemos isso!...
Claro que ninguém gosta de estar enganado.
Mas quando descobrimos um palhacinho por detrás de uma pessoa séria e reservada é maravilhoso saber que pudemos nos enganar.
Se todos os enganos fossem assim abençoados!...
A sensibilidade do outro nos toca. Dá até vontade de chorar. Não sabemos direito o porquê de nos sentirmos próximos de alguém assim tão longe, tão diferente e tão igual. Mas amizade, como o amor, não se questiona. Vive-se. Dela e para ela.
É preciso dar tempo ao tempo para se saber cativar e ser cativado. Quando saímos às pressas sempre temos o risco de deixar alguma coisa esquecida. Mas se tivermos tempo de olhar bem, refletir, conversar, conversar e conversar... E rir e brincar e ficar em silêncio!...
Se deixarmos que essa flor nasça cuidadosa e docemente... Aos poucos ela vai vendo a luz do dia. Maravilhando-se.
Contemplando o outro com novos olhos, ou nova maneira de olhar. Tudo vira encanto!
Que o outro ria de mim ou para mim, mas que ria!
Gargalhe, faça festa!... Que eu seja um pouco responsável por esse rosto iluminado, por essa vontade de viver e de ver o que virá depois.
Bendita seja essa gestação amiga! Sem prazo, sem tempo, sem hora marcada! Bendita seja essa amizade, prova de que Deus se faz conhecer através das pessoas que alcançam nosso coração. Email enviado por minha amiga virtual e poeta Márcia Araújo.

Márcia você fez e faz parte da minha vida e eu espero te dizer isto por muitos anos.
Os seus emails repletos de piadas, mensagens e alguns com pitadas de ironias e sacanagens, alegram meus dias tumultuados. Você nunca me manda coisas de mau gosto ou correntes. Obrigada.
Bjs, Nice.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Como Deve Ser Uma Mulher...

Arnaldo Jabor

"É melhor você ter uma mulher engraçada do que linda, que sempre te acompanha nas festas, adora uma cerveja, gosta de futebol, prefere andar de chinelo e vestidinho, ou então calça jeans desbotada e camiseta básica, faz academia quando dá, come carne, é simpática, não liga pra grana, só quer uma vida tranqüila e saudável, é desencanada e adora dar risada. Do que ter uma mulher perfeitinha, que não curte nada se veste feito um manequim de vitrine, nunca toma porre e só sabe contar até quinze, que é até onde chega a seqüência de bíceps e tríceps.
Legal mesmo é mulher de verdade. E daí se ela tem celulite?
O senso de humor compensa. Pode ter uns quilinhos a mais, mas é uma ótima companheira. Pode até ser meio mal educada quando você larga a cueca no meio da sala, mas e daí? Porque celulite, gordurinhas e desorganização têm solução. Mas ainda não criaram um remédio pra FUTILIDADE!!"
"E não se esqueça....
Mulher bonita demais e melancia grande, ninguém come sozinho!!!!!"
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