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HOJE ALGUMAS FRASES ME DEFINEM: Clarice Lispector "Os contos de fadas são assim. Uma manhã, a gente acorda. E diz: "Era só um conto de fadas"... Mas no fundo, não estamos sorrindo. Sabemos muito bem que os contos de fadas são a única verdade da vida." Antoine de Saint-Exupéry. Contando Histórias e restaurando Almas."Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." Fernando Pessoa

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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Romãozinho



Imagem do Google


Filho de negro trabalhador, Romãozinho nasceu vadio e malcriado.
Tinha todos os dentes, fisionomia fechada, hábitos errantes, nenhuma bondade no coração.
Divertimento era maltratar animais e destruir plantas.
Menino absolutamente perverso.
Um meio-dia, a mãe mandou-o levar o almoço para o pai que trabalhava num roçado, distante da casa.
Romãozinho foi de má vontade.
No caminho, parou, abriu a cesta, comeu a galinha inteira, juntou os ossos, recolocou-os na toalhinha, e foi entregar ao pai.
Quando o velho deparou ossos en vez de comida, perguntou que brincadeira sem graça era aquela.
Romãozinho entendeu vingar-se da mãe, que ficara fiando algodão no alpendre da casinha:´
- É o que me deram... Minha mãe comeu a galinha com um homem que aparece lá em casa quando o senhor não está pos perto. Pegaram os ossos e disseram que trouxesse. Eu trouxe. É isso aí...
O negro meteu a enxada na terra, largou o serviço e veio correndo. Encontrou a mulher fiando, curvada, abservida na tarefa.
Dando crédito ao que lhe dissera o filho, puxou a faca e matou-a.
Morrendo, a velha amaldiçoou o filho que estava rindo:
- Não morrerás nunca. Não conhecerás o céu, nem o inferno, nem o descanso enquanto o mundo for mundo...
O marido morreu de arrependimento. Romãozinho desapareceu rindo ainda.
Faz muito tempo que este caso sucedeu em Goiás.
O moleque ainda está vivo e do mesmo tamanho;anda por todas as estradas, fazendo o que não presta; quebra telhas a pedradas, espanta animais, assombra gente, tira galinha do choco, desnorteia quem viaja, espalhando um medo sem forma e sem nome; é pequeno, preto, risão, sem ter fé nem juízo.
Homens sérios têm visto Romãozinho.
Furtou uma moça na Chapada dos Veadeiros; conversou com o coletor de Cavalcanti; virou fogo azul indo-e-vindo na estrada, perto de Porto Nacional.
Não morrerá nunca enquanto uma pessoa humana existir no mundo.
E, como levantou falso contra a própria mãe, nem mesmo no inferno haverá um lugar para ele...

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