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HOJE ALGUMAS FRASES ME DEFINEM: Clarice Lispector "Os contos de fadas são assim. Uma manhã, a gente acorda. E diz: "Era só um conto de fadas"... Mas no fundo, não estamos sorrindo. Sabemos muito bem que os contos de fadas são a única verdade da vida." Antoine de Saint-Exupéry. Contando Histórias e restaurando Almas."Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." Fernando Pessoa

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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A farinha Mágica - Parte I I I - A Feiticeira


- Esperemos que os outros peixes não façam mal aos dois que joguei agora no lago! -
disso consigo a rainha.
Depois, aproximou-se de novo da margem e, olhando para as águas imóveis e
transparentes, viu os dois pobres peixes de ouro que estavam a um canto, olhando um
para o outro com ar assombrado.
- Que ira dizer o rei? - pensava a rainha, voltando sobre os seus passos .- Quando
souber disto, irá certamente ficar furioso!
Mas justamente naquele momento viu surgir diante dos olhos o marido, e um grito
agudíssimo escapou-se-lhe da boca.
- Que vejo?... Como foi que o teu pescoço se alongou dessa maneira? . . . Ah! . . . Ai
de nós! . . . Também os dois peixes de ouro ficaram compridos como serpentes!
- Que me importam os peixes? - gritou o rei .-O meu pescoço cresceu tanto assim?
- E continua a crescer! - balbuciou a rainha, soluçando.
- Chama depressa o médico da corte !- bradou o monarca, levantando os bravos para
segurar a cabeça e mantê-la firme, porque começara a balouçar de um lado para o
outro, como um girassol.
Atraídos por aqueles gritos, não tardaram a acudir todos os cortesãos, os servos e os
pajens. Mas quando se acharam na presença do soberano,não puderam conter
formidável risada.
Como teriam podido resistir,diante de espetáculo tão ridículo?
Chegado o médico, examinou atentamente o rei,apalpou-lhe todos os membros, mas
não soube diagnosticar.
O caso era realmente extraordinário.
De repente, no meio daquela confusa barafunda, avançou uma velha que brandia uma
vassoura na mão direita e tinha um aspecto verdadeiramente assustador, com os
cabelos avermelhados e alguns dentes verdes que lhe surgiam para fora dos beiços,
como as presas de um hipopótamo.
Todos os olhares se fixaram nela. Calçava uns velhos chinelos e dançava como uma
endemoninhada, gritando como uma possessa.
- É a tia do cozinheiro da corte! . . . É a feiticeira!- gritaram alguns empregados,
tomados de pavor.
- Por que veio ao castelo?
- Que quererá?
Finalmente um mordomo aproximou-se dela, com decisão, e perguntou-lhe
- Que queres aqui, velha feiticeira?
A megera parou de dançar e, indicando o rei com o dedo indicador da mão descarnada
e adunca, respondeu:
- Cheguei tarde demais!... O rei já comeu a farinha mágica ! . . .
A multidão calou-se de chofre. O soberano aproximou-se da velha e perguntou-lhe,
com voz trêmula de cólera:
- Que dizes? Explica-te, maldita bruxa!
Ela pousou um olhar zombeteiro no soberano e depois começou a cantar: "Eu dei ao
cozinheiro um saco de farinha, ele a levou para fazer pastéis.O presente destinava-se
a rainha, mas o rei quis comer logo os pastéis. . .".
- Continua! . . . Continua! gritaram todos.
"A farinha mágica que eu lhe dei tem estranhos poderes concentrados.olhem só como
está ficando o rei e também olhem para os peixinhos dourados!"
O rei não podia mais, porém soube dominar a sua cólera e disse, voltando-se para a
tia do cozinheiro:
- Tudo isso é verdade. Eu comi os pastéis preparados com a tua farinha e atirei
algumas migalhas aos meus peixes de ouro, que ficaram compridos como serpentes.
Entretanto o meu pescoço continua a crescer. Como se pode remediar tudo isso, velha
feiticeira?

* * *

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